Artes/cultura
08/11/2023 às 08:00•3 min de leitura
A voz humana é uma poderosa ferramenta de comunicação e expressão que distingue os humanos de todos os outros animais. Com ela, podemos transmitir uma vasta gama de emoções nas informações comunicadas. Mas para que isso seja possível, o fenômeno vocal é complexo e envolve não apenas a anatomia e a fisiologia do corpo, mas também questões culturais e até psicológicas.
Descubra 6 curiosidades interessantes sobre a voz humana.
Cada voz é única. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Para formar a voz que ouvimos, mais de 100 músculos do corpo são empregados, indo do peito, passando pelo pescoço, língua, lábios, maxilar e chegando até os lábios. A voz começa nos pulmões — o ar inspirado sai criando uma corrente que movimenta a laringe e a traqueia. Neste processo, as cordas vocais são esticadas na laringe. A vibração criada vai ser manipulada pela língua e pelos lábios para criar os sons que ouvimos.
Com estas possibilidades de variação, nenhuma pessoa tem a mesma voz. Mesmo em irmãos gêmeos, o ambiente e as diferenças no desenvolvimento do corpo vão criar timbres diferentes.
Algumas capacidades vocais humanas vem de milhões de anos. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Não existem maneiras de saber exatamente como nossos ancestrais soavam há milhões de anos, porém há meios de inferir. Para isso, pesquisadores foram atrás dos primatas com o DNA mais parecido com o de nossos ancestrais e perceberam alguns padrões.
Orangotangos de diferentes partes do mundo interagem produzindo uma mistura de som similar aos de quem faz beatbox. Ou seja, uma combinação de diferentes notas em barulhos ritmados, similar aos sons dos artistas que imitam uma bateria e outros instrumentos simultaneamente.
Conhecer som de civilizações passadas é uma grande curiosidade arqueológica. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Falando em recriar vozes, muita gente é obcecada por saber como pessoas do passado soariam. Em 2020, alguns cientistas foram mais longe e recriaram a voz de uma múmia de mais de 3 mil anos. Para isso, eles utilizaram tomografias computadorizadas do trato vocal do sacerdote egípcio Nesyamun e criaram uma reprodução em três dimensões. Depois disso, os cientistas mandaram um sinal eletrônico que imita a laringe humana e o conectaram com um alto-falante.
O resultado foi o som de uma vogal que arrepiou todos os envolvidos. É preciso frisar que o som pode estar longe do que os egípcios ouviam há tanto tempo. Sem muitos restos do que seriam as cordas vocais, músculos, língua e lábio é impossível reproduzir a voz exata. Porém, no futuro, quando mais dados estiverem disponíveis, quem sabe?
Falar com o bebê durante a gestação é efetivo. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Muitos antigos já diziam para falar com o bebê desde a gravidez e em 2011 cientistas comprovaram que os fetos já têm a capacidade de ouvir dentro do útero no terceiro mês de gestação. Exames de ressonância magnética comprovaram que as mesmas áreas do cérebro de bebês e de adultos são ativadas quando ouvem vozes humanas.
Além disso, os bebês já conseguem diferenciar sons alegres ou tristes, com diferentes recepções na atividade cerebral.
Busca do som perfeito levou coisas terríveis durante a história. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Crianças são cantoras que atingem notas agudas naturalmente. Durante a puberdade, ocorre uma diferenciação nas dobras vocais que torna a voz dos homens mais graves e das mulheres mais agudas. Em determinadas culturas, alguns garotos, cantores promissores, eram castrados para continuar alcançando notas agudas e se tornarem sopranos. O único registro gravado desta prática que sobreviveu é de 1904, pelo cantor Alessandro Moreschi.
Fala e canto podem utilizar lados diferentes do cérebro. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Pesquisadores do National Center for Voice and Speech teorizaram que a fala utiliza mais o lado esquerdo do cérebro, enquanto o canto utiliza o lado direito. Por isso, pessoas que sofreram um AVC por vezes perdem a capacidade de falar mas ainda conseguem cantar, ou o contrário.