Artes/cultura
16/11/2023 às 12:00•2 min de leitura
Comparado com outras galáxias que existem por aí, o buraco negro supermassivo encontrado no coração da Via Láctea não é particularmente ativo. Isso significa que ele não está consumindo grandes quantidades de material e não está lançando jatos gigantes de plasma no espaço.
Porém, mesmo que ele seja relativamente pacífico, o Sagitário A* — como é chamado — segue sendo uma fera selvagem. Ainda mais curioso que isso, pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México agora registraram uma espécie de pulsação na região. A cada 76 minutos, o fluxo de raios gama do buraco negro tem flutuado. Segundo os investigadores, isso seria um sinal de um movimento orbital, sugerindo que alto está girando loucamente em torno dele.
(Fonte: GettyImages)
Em geral, buracos negros não emitem nenhuma radiação que possa ser detectada por cientistas atualmente, sendo basicamente invisíveis aos nossos olhos. No entanto, o espaço ao seu redor é uma questão diferente. No regime gravitacional extremo fora do chamado "horizonte de eventos" de um buraco negro, muita coisa pode acontecer.
Da região da Sagitário A*, a luz é emitida numa infinidade de comprimentos de onda e a intensidade dessa luz varia significantemente ao longo do tempo. Por meio desses comprimentos de onda, os astrônomos identificaram um padrão. As ondas de rádio flutuam em uma escala de tempo de 70 minutos, segundo um artigo publicado em 2022.
Já as explosões de raios X do buraco negro ocorrem a cada 149 minutos. Isso é cerca de duas vezes a periodicidade das flutuações de rádio e também dos raios gama. Só recentemente, em 2021, a radiação gama foi associada ao Sagitário A*. Nesse período, os pesquisadores descobriram que o buraco negro está expelido radiação gama a cada 76,32 minutos. A semelhança de tempo das explosões de rádio e raios X sugere uma causa comum subjacente.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Como o buraco negro em si não emite radiação, a periodicidade regular e repetida das explosões de radiação é muitas vezes um sinal de movimento orbital. Logo, isso é um claro indício de que existe algo orbitando o buraco negro. Segundo o artigo de 2022, estamos muito provavelmente falando de uma bolha de gás quente mantida unida por um poderoso campo magnético que submete as partículas à aceleração síncrotron, emitindo radiação no processo.
Essa bolha tem uma distância orbital de Sagitário A* semelhante à de Mercúrio ao redor do Sol. Porém, com um período orbital de 70 a 80 minutos, ela viaja a velocidades incrivelmente altas — cerca de 30% a velocidade da luz. De acordo com a teoria dos pesquisadores, à medida que orbita, a bolha emite explosões magnéticas.
Porém, ao passo que essa bolha vai se esfriando, ela brilha mais fortemente na luz do rádio. A descoberta de explosões de raios gama apoia este modelo. Os investigadores afirmam que ainda existem alguns detalhes a serem acertados, mas aos poucos estamos descobrindo mais sobre o coração escuro e misterioso da nossa Via Láctea.