Ciência
22/11/2023 às 12:00•3 min de leitura
O pica-pau-bico-de-marfim é uma ave icônica dos Estados Unidos. Registrada ainda no século XVIII, ela chegou a ser popular em toda a região sul do país. Porém, a caça desenfreada e o desflorestamento fizeram com que a última aparição confirmada da espécie fosse em 1944. Com isso, o pica-pau-bico-de-marfim foi declarado extinto em 2021.
Nos últimos anos, cientistas e entusiastas alegaram ter encontrado o animal, colocando em dúvida seu status de extinto. A espécie, porém, também pode ser facilmente confundida com o pica-pau-de-penacho-vermelho, o que deixa parte da comunidade científica cética em relação aos supostos avistamentos.
Conheça, agora, 10 fatos sobre esta curiosa e talvez lendária ave.
Representações do pica-pau-bico-de-marfim. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
A primeira menção científica da ave foi feita pelo naturalista Mark Catesby, em 1731. O nome científico atribuído foi o de Picus principalus, mas este foi alterado posteriormente para Campephilus principalis, em 1840.
Detalhes da pluma e bico do Campephilus principalis. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
A ave é um dos maiores pica-paus do mundo, com cerca de 51 cm de comprimento e 76 cm de envergadura. Seu peso médio varia de 450 a 570 g. A plumagem é majoritariamente preta ou de um azul bem escuro, com listras brancas variáveis que, comumente, se estendem até a bochecha. Uma das marcas principais da ave é a crista avermelhada, que só ocorre nos indivíduos machos adultos — fêmeas e jovens machos têm a crista preta.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
O bico de marfim, que dá o nome popular da espécie, só ganha essa coloração na idade adulta — até então, o bico é extremamente branco, forte e reto, e o animal possui uma língua de ponta dupla e farpada. Este conjunto possibilita o principal meio de alimentação do pássaro, que consiste em furar troncos de árvores em busca de formigas e larvas.
Pica-pau-bico-de-marfim fotografado em 1935. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Os pássaros eram mais comuns em extensas regiões de florestas com grandes árvores, principalmente em áreas pantanosas. As árvores de pântano podem apodrecer em razão da umidade e das cheias, o que facilita o surgimento de larvas nos troncos.
(Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
As aparições de pica-paus-bico-de-marfim em grupo eram comuns até o início do século XX. Grupos de até 11 aves já foram avistadas compartilhando o alimento de uma única árvore.
(Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
A última aparição confirmada de um pica-pau-bico-de-marfim nos Estados Unidos foi em 1944 e ocorreu em uma floresta do estado da Louisiana. Apesar dos pedidos de sociedades protetoras de pássaros e até de instâncias governamentais, a floresta foi desmatada para a exploração da madeira. Desde então, há relatos de avistamentos, mas sem comprovação.
Variação cubana foi avistada na Ilha da Juventude até 1987. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Uma subespécie, chamada pica-pau-bico-de-marfim-cubano, era avistada em Cuba até o final da década de 1980. Essa variação, porém, tinha características diferentes e um estudo posterior mostrou uma diferenciação no DNA em relação à ave americana.
Um pica-pau-grande-americano (Dryocopus pileatus). (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
O pica-pau-bico-de-marfim (Campephilus principalis) é comumente confundido com o pica-pau-de-penacho-vermelho, também chamado de pica-pau-orelhudo ou pica-pau-grande-americano (Dryocopus pileatus). Essa espécie, porém, é menor e bem mais leve do que o pica-pau-bico-de-marfim. Além disso, o bico do Dryocopus pileatus é diferente em formato e tem uma coloração mais escura. A principal confusão ocorre em razão da crista vermelha das duas espécies. O pica-pau-de-penacho-vermelho ainda é bastante comum no leste e no norte dos Estados Unidos.
Floresta na Louisiana onde o pica-pau-bico-de-marfim teria sido avistado entre 2005 e 2008. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Estudos científicos de 2005 e de 2023 reuniram evidências para provar que o pica-pau-bico-de-marfim não estaria extinto. Pesquisadores juntaram dados, como a gravação de chamados, testemunhos de supostos avistamentos e até um vídeo. Apesar disso, as provas ainda são inconclusivas e a espécie continua classificada como extinta pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) considera que a espécie está em perigo crítico de extinção.
Walter Lantz e sua criação mais famosa. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Apesar de ser mais parecido com um pica-pau-de-penacho-vermelho, o popular personagem Pica-pau do desenho animado teve seu nome científico revelado em um episódio como Campephilus principalis, o que o torna oficialmente um pica-pau-bico-de-marfim.