Dinossauros seriam extintos mesmo sem o asteroide que os atingiu, afirma estudo

03/12/2023 às 13:002 min de leitura

A teoria de que um asteroide não fora a causa principal da extinção dos dinossauros, há 66 milhões de anos, foi reforçada com um novo estudo publicado na Science Advances em outubro. Conforme o artigo, mudanças climáticas já haviam traçado o destino dos répteis gigantes muito antes do impacto cataclísmico.

As alterações no clima da Terra, no Cretáceo, teriam sido causadas por enormes erupções vulcânicas, preparando o terreno para a extinção em massa. Indícios do fenômeno foram encontrados pelos autores nas rochas das Armadilhas de Deccan, na Índia.

Um dos eventos que contribuiu para a crise climática aconteceu ali, como afirma a equipe internacional de cientistas liderada por Don Baker, professor do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade McGill, no Canadá. A incrível erupção de 1 milhão de km³ de rocha derretida teve um enorme impacto na temperatura global.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Acredita-se que o lançamento de todo este material desencadeou quedas globais de temperatura de curta duração, repetidas vezes, a partir da desgaseificação do enxofre vulcânico. Isso teria acontecido cerca de 100 mil anos antes da queda do asteroide na região de Chicxulub, na Península de Yucatán, no atual México.

Invernos vulcânicos

As quedas frequentes de até 10 °C na temperatura global, em meio a curtos períodos de recuperação, foram chamadas pelos pesquisadores de “invernos vulcânicos”. Eles teriam durado por décadas antes da extinção dos dinossauros, afetando seriamente as condições climáticas do planeta.

Usando uma nova técnica para medir as concentrações de enxofre nas Armadilhas de Deccan, o time chefiado por Baker afirma que as emissões originadas ali foram suficientes para as alterações climáticas catastróficas. “Essa instabilidade teria dificultado a vida de todas as plantas e animais e preparado o cenário para o evento de extinção dos dinossauros”, explicou o especialista, em comunicado.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Análises de restos de cascas de ovos e fragmentos ósseos dos gigantes pré-históricos também sugerem que muitas espécies de dinossauros sentiram os impactos da crise climática prolongada. No entanto, há alguns estudos que contestam a ação das erupções vulcânicas como influenciadoras do desaparecimento dos animais.

Em uma investigação feita em 1991, os autores descartaram a teoria. Mas com os novos indícios encontrados agora, a hipótese voltou a ganhar força no meio científico, junto com mais pesquisas sugerindo o papel desempenhado pela atividade vulcânica em todo o processo.

O golpe final

É importante ressaltar que o estudo mais recente não descarta a contribuição do asteroide para o fim dos dinossauros. Mas conforme os autores, a rocha espacial foi responsável somente pelo golpe final em um ambiente já bastante debilitado.

Calcula-se que o bólido tinha cerca de 10 km de diâmetro, com a sua queda abrindo uma cratera gigantesca de 180 km de extensão. O impacto gerou uma onda de choque devastadora e resultou na aniquilação de 75% das espécies terrestres.

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