Ciência
01/12/2023 às 04:30•2 min de leitura
Atualmente, existem diversos esforços sendo realizados para trazer de volta algumas espécies que já foram extintas da natureza. E um dos animais que pode estar perto de “ressuscitar” após alguns séculos é o dodô. Essa ave, parente dos pombos, foi completamente dizimada há quase 400 anos. Agora, uma empresa de engenharia genética espera dar uma nova chance para esse simpático animal.
(Fonte: GettyImages)
O dodô foi uma ave relativamente grande, podendo chegar a pesar até 20 kg. No passado, eles já foram considerados um pequeno avestruz, um frango-d'água, um tipo de albatroz e uma espécie de abutre. Somente no século XIX, ele passou a ser classificado como um membro da família dos pombos.
Essa ave era endêmica de Maurício, um arquipélago localizado no Oceano Índico, a leste de Madagascar. Como a ilha não era habitada por seres humanos até o início do século XVI, quando as primeiras colônias foram estabelecidas, o dodô possivelmente não via seus novos moradores como ameaças.
Porém, com menos de dois séculos, toda a população de dodô já havia sido exterminada. Como aves sem habilidade de voo, que faziam seus ninhos no solo, elas se tornaram alvos fáceis para caçadores. Além disso, as ilhas de Maurício foram usadas pelos holandeses para a plantação de cana-de-açúcar, diminuindo o seu território natural. Conforme animais como cães, gatos e porcos começaram a ser introduzidos na ilha, a população de dodôs rapidamente diminuiu. A última confirmação de avistamento de um dodô vivo foi em 1662.
(Fonte: GettyImages)
A atual missão de ressuscitar o dodô da extinção está sendo comandada através da parceria entre a Colossal Biosciences, uma empresa de engenharia genética e “de-extinção”, e a Mauritian Wildlife Foundation, uma organização sem fins lucrativos de conservação que trabalha em colaboração com o governo mauriciano.
Atualmente, a equipe da Colossal está trabalhando com as células germinativas primordiais do pombo-de-nicobar, o parente vivo mais próximo do dodô, para construir um genoma de referência. Isso é feito porque é praticamente impossível encontrar material genético intacto depois de tanto tempo.
Para que o genoma do dodô pudesse ser sequenciado, a primeira coisa foi obter o genoma de referência — nesse caso, o do pombo-de-nicobar —, e, então, comparar com o que é encontrado na espécie extinta, que estará todo fragmentado e contaminado. Assim, é possível ter uma espécie de “molde” para juntar as partes intactas de diferentes sequências do DNA antigo.
Além disso, a Colossal também está trabalhando para desenvolver galinhas geneticamente modificadas para atuarem como substitutas para os dodôs. Ao mesmo tempo, a Mauritian Wildlife Foundation vem tentando restaurar os habitats nativos do dodô na ilha de Maurício. Afinal, não faz sentido reviver a espécie se ela não tiver um lar adequado.
Caso se mostre eficiente, o projeto que busca trazer os dodôs de volta à vida poderá ser replicado em outras espécies, para que elas não encontrem o mesmo destino trágico. É o caso do pombo-rosa, uma espécie vulnerável e que também é endêmica de Maurício. Sua população é estimada em apenas 500 aves em todo o território de Maurício, e a população sofre com uma séria falta de diversidade genética. Usando amostras históricas das aves e técnicas de edição genética, a Colossal visa reinjetar na população em declínio a diversidade genética perdida, aumentando as chances da espécie continuar existindo.