Ciência
15/12/2023 às 12:00•2 min de leitura
O olfato é definitivamente um dos nossos sentidos com capacidade de "nos transportar para o passado". Afinal, a memória olfativa do ser humano é algo muito forte, unindo cheiros com lembranças de lugares, pessoas ou até mesmo sentimentos.
Por esse motivo, a União Europeia apelou aos investigadores para ajudarem os museus a aumentar o impacto das suas coleções digitais visando mostrar a importância do patrimônio olfativo na cultura europeia. Assim surgiu a Odeuropa, uma enciclopédia de cheiros em sua essência.
(Fonte: Odeuropa/Divulgação)
A base de dados utilizado pela Odeuropa reúne vastas imagens e dados textuais relacionados com aromas de museus, universidades e outras instituições patrimoniais. O objetivo do projeto é ajudar as pessoas a descobrir as culturas olfativas e os vocabulários do passado. Isso inclui tudo, desde perfumes que combatem doenças até mesmo ao fedor da industrialização na literatura e pinturas históricas.
Quando o projeto foi anunciado publicamente em novembro de 2020, a equipe descreveu seus planos de usar inteligência artificial para identificar e analisar referências a cheiros da Europa do século XVI ao início do século XX em textos e imagens históricas. De acordo com o investigador principal do projeto e professor da Universidade de Amsterdã, Inger Leemans, o desejo era "mergulhar nas coleções do patrimônio digital para descobrir os principais aromas da Europa e trazê-los de volta ao nariz."
Agora, três anos depois, a Odeuropa lançou oficialmente seus produtos: um mecanismo de busca chamado "Smell Explorer", que oferece informações sobre como o passado cheirava, bem como pessoas descreviam, retratavam e experimentavam esses cheios, e também a Enciclopédia da História e Herança do Olfato, com entradas que vão desde interiores de carros até cafeterias.
(Fonte: Odeuropa/Divulgação)
A equipe da Odeuropa é formada por especialistas em olfato, alguns dos quais já vinham trabalhando com Inteligência Artificial. Juntos, eles usaram essa nova tecnologia para capturar o que Leemans descreve como "eventos olfativos" ou coisas como ocasiões, circunstâncias e lugares específicos "descritos por testemunhas históricas do nariz".
Em vez de traças um cheiro de uma perspectiva química, a Odeuropa mapeia o cheiro como um "fenômeno cultural". Por exemplo, reunir imagens e textos relacionados com o cheiro do Futurismo — um movimento artístico originário da Itália no século XX — ou explorar a internet em busca de conteúdos que capturassem os aromas da Europa durante o aumento de casos da peste bubônica.
O trabalho realizado pelos pesquisadores surge num momento ideal, uma vez que um número crescente de museus, arquivos e outras instituições culturais começaram a incorporar a narrativa olfativa nas suas exposições ao longo da última década. Em 2022, por exemplo, o Penn Museus da Filadélfia, nos Estados Unidos, apresentou a primeira grande exposição da pesquisadora e artista olfativa radicada em Berlim, Sissel Tolaas, que conta com uma série de 20 instalações imersivas utilizando cheiros como suor e baunilha para discutir temas como antropologia e mudanças climáticas.