Enguias podem mudar o DNA de outros peixes com pulsos elétricos, diz novo estudo

A natureza é uma fonte inesgotável de mistérios, e as enguias elétricas estão adicionando um capítulo intrigante à saga da evolução genética nos ecossistemas aquáticos. A visão limitada das enguias elétricas as leva a utilizar sinais elétricos como um radar ao navegar em águas doces. Quando encontram presas desejáveis, como peixes ou crustáceos, descarregam eletricidade de alta voltagem para atordoar e capturar seus alvos.

Essa descoberta levou cientistas a questionarem se esses choques elétricos eram suficientes para causar eletroporação em células de organismos circundantes. Após extensa pesquisa e experimentos em laboratório, o estudo, publicado no periódico científico PeerJ, concluiu que essas criaturas podem desencadear modificações genéticas em peixes próximos por meio de seus pulsos elétricos.

Eletricidade na natureza e no laboratório

Ilustração do tanque experimental usado para expor o organismo receptor à descarga elétrica. (Fonte: PeerJ / Reprodução)

No mundo da pesquisa científica, a eletroporação é uma técnica amplamente utilizada em laboratórios para introduzir materiais genéticos nas células. Os cientistas empregam esse método para uma variedade de aplicações, desde a criação de organismos geneticamente modificados até o desenvolvimento de novas vacinas. Surpreendentemente, as enguias elétricas agora parecem desempenhar um papel similar na natureza.

Ao liberarem pulsos elétricos de até 860 volts, elas podem induzir a eletroporação em organismos aquáticos próximos, criando oportunidades únicas para a recombinação genética. Os experimentos em laboratório indicaram que até 5% das larvas de peixe-zebra foram afetadas pelos pulsos elétricos, abrindo caminho para uma compreensão fascinante da influência das enguias na evolução genética de organismos aquáticos.

Implicações para a evolução aquática

(Fonte: Getty Images)

Os resultados sugerem que as enguias podem desempenhar um papel ativo na transferência de material genético, influenciando potencialmente a evolução de diversas espécies aquáticas. Embora o estudo tenha limitações por ter sido conduzido em laboratório, as descobertas indicam que as enguias elétricas podem contribuir para a modificação genética de outras espécies na natureza.

Assim, organismos que compartilham o habitat com esses animais podem estar passando por evoluções inesperadas devido a esse processo único. A equipe de pesquisa planeja fazer investigações adicionais para entender se as descargas elétricas podem afetar organismos menores, como plâncton e bactérias, abrindo portas para uma compreensão mais profunda dos impactos ecológicos dessas criaturas.

Por meio dos seus fantásticos pulsos elétricos, as enguias emergem como agentes de transformação nos ecossistemas aquáticos. Embora as implicações exatas dessa descoberta ainda não sejam completamente compreendidas, os resultados iniciais sugerem um papel fundamental desses animais na evolução genética de organismos aquáticos. Desse modo, o estudo levanta questões intrigantes sobre como as enguias elétricas podem estar moldando ativamente a diversidade e a adaptação nas águas naturais, adicionando mais uma camada de complexidade ao já fascinante mundo da biologia aquática.