Estilo de vida
05/01/2024 às 13:00•2 min de leitura
A Pequena Nuvem de Magalhães é uma galáxia próxima muito familiar aos astrônomos — ao menos, assim se pensava. Um novo estudo sugere que a galáxia satélite da Via Láctea, localizada a cerca de 199 mil anos-luz da Terra, parece estar escondendo um segredo inacreditável: ela, na realidade, seria feita de duas galáxias, uma atrás da outra.
Para fazer essa descoberta, uma equipe liderada por Claire Murray, astrônoma do Space Telescope Science Institute em Maryland, rastreou o movimento de nuvens de gás e estrelas jovens nascendo dentro delas em torno da Pequena Nuvem de Magalhães. Eles, então, descobriram que a pequena galáxia, com cerca de 18,9 mil anos-luz de largura, contém dois berçários estelares distintos.
Parte da Pequena Nuvem de Magalhães capturada pelo telescópio Hubble. (Fonte: Wikimedia Commons/ESA/Hubble & NASA)
Assim como a Grande Nuvem de Magalhães, a Pequena Nuvem de Magalhães é uma galáxia anã que está gravitacionalmente ligada à Via Láctea, e é constantemente atraída em nossa direção para uma colisão e fusão num futuro distante. Enquanto a primeira delas tem uma forma de disco semelhante à da Via Láctea, a Pequena Nuvem de Magalhães é mais irregular.
Ela possui apenas um terço da massa da galáxia anã maior, que tem uma massa equivalente a cerca de 7 bilhões de vezes a do Sol. Embora se pensasse anteriormente que a Pequena Nuvem de Magalhães consistia em múltiplos componentes, ela é um tanto ofuscada por nuvens interestelares de gás e poeira, o que significa que certas características são difíceis de distinguir.
No passado, Murray havia determinado que a Pequena Nuvem de Magalhães era um "naufrágio" de uma outra galáxia anã, cheia de gás interrompido por interações gravitacionais entre a Via Láctea e a Grande Nuvem de Magalhães. Com tudo, estudos feitos com o apoio da Agência Espacial Europeia (ESA) constataram que a galáxia apresentava duas nuvens de diferentes metais, sendo que uma delas parece estar mais distante da Terra do que a outra.
(Fonte: Getty Images)
Um mistério que os cientistas planejam desvendar no futuro é se as duas nuvens da Pequena Nuvem de Magalhães foram unidas pela gravidade ou se uma delas consiste em gás que foi libertado do outro por interações gravitacionais com a Grande Nuvem de Magalhães. Uma evidência que favorece a primeira hipótese é o fato de ambas as nuvens parecem ter massas semelhantes.
Se uma fosse separada da outra, seria razoável supor que a nuvem filha seria menor que sua progenitora. Além disso, se as duas nuvens não estiverem relacionadas, isso implicaria que a Pequena Nuvem de Magalhães é composta por dois objetos celestes e não apenas um só.
Nesse caso, os pesquisadores acreditam que a Pequena Nuvem de Magalhães provavelmente necessitaria de um novo nome. Inclusive, muitos cientistas já estão trabalhando isso. A galáxia anã tem atualmente o nome do explorador dos séculos XV e XVI, Fernão de Magalhães, que não descobriu nem a Pequena Nuvem de Magalhães, nem a Grande Nuvem de Magalhães, e também é responsável pela morte e escravização de milhares de indígenas durante suas missões.