Estilo de vida
08/01/2024 às 13:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade de Maryland (UMD) e dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) acabam de solucionar um mistério que a maioria de nós talvez nem soubesse que era desconhecido: por que a cor da nossa urina é amarela?
Em um estudo recente, publicado na revista Nature Microbiology, a enzima bilirrubina redutase foi identificada como a responsável pela tonalidade amarela do xixi. Conforme o principal autor do estudo, Brantley Hall, professor da UMD, “é notável que um fenômeno biológico quotidiano tenha permanecido inexplicável durante tanto tempo, e a nossa equipe está entusiasmada por poder explicá-lo”. Além da explicação, a descoberta da enzima é o ponto de partida para futuras pesquisas sobre o papel do microbioma intestinal em doenças como icterícia e doenças inflamatórias intestinais, segundo o estudo.
Embora não soubessem até hoje qual era a enzima bacteriana responsável pela conversão da bilirrubina em urobilina (o pigmento amarelo da urina), os cientistas tinham conhecimento que essa cor era uma consequência da eliminação das células sanguíneas velhas pelo corpo. Após um ciclo de vida de 120 dias, elas são degradadas no fígado.
(Fonte: Brantley Hall et al.)
Quando essas hemácias são destruídas no fígado, um subproduto da quebra da hemoglobina é produzido: a bilirrubina, um pigmento alaranjado brilhante que é normalmente secretado no intestino, mas que também pode ser parcialmente reabsorvido. O excesso de absorção da bilirrubina no sangue causa a icterícia, que causa o amarelamento da pele, mucosas e olhos.
"Uma vez no intestino, a flora residente codifica a enzima bilirrubina redutase que, por sua vez, converte a bilirrubina em um subproduto incolor chamado urobilinogênio", explica Hall em comunicado. “O urobilinogênio, então, se degrada espontaneamente em uma molécula chamada urobilina, responsável pela cor amarela com a qual todos estamos familiarizados”, conclui o biólogo.
(Fonte: Getty Images)
Beneficiados pelas tecnologias de sequenciamento genômico, que não existiam na época dos estudos anteriores, os pesquisadores compararam genomas de bactérias intestinais humanas capazes de converter bilirrubina em urobilinogênio com aquelas que não podem fazê-lo. Assim, chegaram ao gene que codifica a bilirrubina redutase.
Após a identificação do gene, a equipe analisou o genoma de várias espécies de bactérias para ver onde ele estava presente. Descobriram então sua presença em um grupo de bactérias conhecido como Firmicutes. Esse filo bacteriano representa uma parte importante da flora intestinal humana.
Finalmente, os autores examinaram geneticamente os microbiomas intestinais de 1.801 adultos saudáveis para confirmar o gene que colore o xixi. Eles descobriram que o gene da bilirrubina redutase estava presente em bactérias intestinais de 99,9% da população analisada. Mas essa prevalência foi significativamente menor em 1,8 mil adultos com doença inflamatória intestinal e em 4,3 mil bebês com risco maior de icterícia.