Estilo de vida
22/01/2024 às 12:00•2 min de leitura
Quando pensamos em galáxias, geralmente nos vem à mente a nossa querida Via Láctea que abriga o Sistema Solar. A menos que você seja um astrônomo, profissional ou amador, ou tenha por hobby ler e pesquisar bastante sobre o tema, o mais natural é que associemos galáxias a formatos espiralados, como que nos abriga.
Acontece que galáxias em espiral como a Via Láctea, na verdade, são bastante raras — e muito mais do que nós, meros mortais (leia-se: pessoas comuns sem conhecimento científico sobre o tema), imaginávamos.
Segundo uma reportagem publicada pelo site Live Science, cientistas podem ter finalmente entendido o motivo pelo qual existem muito mais galáxias elípticas ao nosso redor do que espiraladas. De acordo com astrônomos, galáxias em elipse são muito mais comuns no superaglomerado onde fica a Via Láctea, que se destaca das vizinhas por seu formato em espiral.
Assim como a Via Láctea, a galáxia M101 — também conhecida como Galáxia do Cata-Vento — tem formato espiralado (Fonte: Nasa/Reprodução)
Outra galáxia espiral bastante conhecida é a de Andrômeda. Localizada a aproximadamente 2,54 milhões de anos-luz de distância do nosso planeta, ela também apresenta o mesmo tipo de formação, com visual semelhante a um rodamoinho. Também podemos citar a M101, mais conhecida como Galáxia do Cata-Vento, que também é espiralada. Ainda assim, o mais comum é encontrar galáxias elípticas no nosso superaglomerado.
De acordo com uma pesquisa publicada no periódico especializado Nature Astronomy, o motivo para isto pode estar relacionado a frequentes colisões galácticas. O histórico turbulento da nossa vizinhança seria então o responsável por termos tantas galáxias elípticas ao nosso redor.
Na década de 1950, o astrônomo francês chamado Gérard Henri de Vaucouleurs observou que o plano onde está inserida a Via Láctea é composto por uma imensa maioria de galáxias elípticas. Já as com formato espiralado, como a nossa, são bem mais raras.
Buscando entender o motivo para tamanha diferença, os cientistas utilizaram um supercomputador conhecido como Simulations Beyond the Local Universe (SIBELIUS) para gerar algumas simulações.
Capturada pelo telescópio espacial Hubble, imagem mostra a galáxia elíptica NGC 2865, que fica a cerca de 100 milhões de anos-luz de distância daqui (Fonte: Nasa/Reprodução)
A ideia era "voltar no tempo" simulando uma involução do superaglomerado em cerca de 13,8 bilhões de anos, até seu surgimento no Big Bang. Depois disso, montaram um modelo que recriava a evolução deste mesmo gigantesco aglomerado de galáxias. Falando ao EurekAlert, o professor de física Carlos Frenk falou um pouco sobre estudo realizado por sua equipe. Segundo ele, a distribuição de galáxias no nosso plano superaglomerado é "notável".
Frenk, que leciona na Durham University, no Reino Unido, afirmou que a existência de galáxias espirais é "rara, mas não é uma completa anomalia". O professor explicou que as simulações feitas pelo time de pesquisadores "revelou detalhes íntimos da formação de galáxias como a transformação de espirais em elípticas após a fusão de galáxias".
Ou seja: tanto a Via Láctea quanto as demais galáxias espiraladas só mantiveram este formato por terem de certa forma escapado de colisões com outras galáxias nas proximidades. Incrível!