Ciência
29/01/2024 às 04:30•2 min de leitura
Em setembro de 2017, o furacão Maria desferiu um golpe devastador em Porto Rico, deixando um rastro de destruição que afetou profundamente a vida na ilha caribenha. Ao mesmo tempo, enquanto os moradores enfrentavam desafios sem precedentes, diversos pesquisadores temiam que o trágico fenômeno tivesse atingido uma ilha próxima à costa porto-riquenha que é crucial para estudos científicos: a Ilha dos Macacos.
A Ilha dos Macacos, conhecida localmente como Cayo Santiago, fica a 1,6km do litoral da costa de Porto Rico e abriga aproximadamente 2 mil macacos rhesus, uma espécie de primata que tem sua origem no território asiático.
Várias gerações já se reproduziram na ilha. (Fonte: Instituto Max Planck/ Divulgação)
A história da Ilha dos Macacos começou na década de 1930, quando o primatologista Clarence Carpenter importou cerca de 450 macacos rhesus da Índia para estabelecer um centro de pesquisa em Cayo Santiago. O objetivo era estudar o comportamento desses primatas.
O projeto foi crescendo ao longo dos anos até dar origem ao Centro de Pesquisa de Primatas do Caribe, entidade vinculada à Universidade de Porto Rico.
Após o furacão Maria, havia temores de que a comunidade de primatas tivesse sido aniquilada pela tempestade, mas os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que os macacos tinham sobrevivido.
Os cientistas afirmam que os macacos se salvaram da tempestade provavelmente percebendo a mudança dos ventos e agindo rapidamente. Ao que tudo indica, eles conseguiram se abrigar nas colinas, evitando serem levados pela enxurrada que varreu a região.
A alimentação diária é a única intervenção humana na vida desses primatas. Atualmente, a dieta desses bichos inclui sementes, frutas e até biscoitos chamados Purina Monkey Chow.
A Ilha dos Macacos é o paraíso para primatologistas e biólogos. (Fonte: Instituto Max Planck/ Divulgação)
A pesquisa após o furacão revelou descobertas intrigantes sobre o comportamento dos macacos. Os pesquisadores destacam que as interações sociais aumentaram, as redes sociais expandiram-se, e os macacos, especialmente os mais antissociais antes da tempestade, intensificaram suas conexões sociais.
Essas observações foram parte de um estudo publicado na Current Biology, destacando como adversidades podem impactar o comportamento e a saúde desses primatas (algo muito parecido conosco humanos, como visto na pandemia).
Desde sua criação em 1970, o Centro de Pesquisa de Primatas do Caribe tem sido um pioneiro na pesquisa sobre primatas. Esses estudos vão além da compreensão do comportamento dos macacos, como os experimentos sobre sufocamento em macacos, que influenciaram procedimentos de parto em humanos. Além disso, os macacos da ilha têm desempenhado um papel vital no estudo da covid-19.
Apesar da notoriedade, a Ilha dos Macacos permanece fechada ao público para evitar interações desnecessárias — e perigosas. A periculosidade está no fato de que os rhesus podem transmitir herpes B, uma doença altamente letal para os seres humanos.
Atualmente, apenas pesquisadores têm liberação para visitar a ilha e explorar os dados acumulados ao longo dos anos.