Estilo de vida
12/02/2024 às 04:30•2 min de leitura
Depois de milhares de anos convivendo com cães domesticados, é surpreendente pensar que ainda não temos a respostas para todos os comportamentos de nossos companheiros peludos, sobretudo o porquê deles abanarem seus rabos. Na esperança de resolver este enigma canino, os autores de um novo artigo especulam que o comportamento pode ter surgido para satisfazer o sentido intrínseco de ritmo dos humanos.
Embora se acredite que os cães abanem o rabo quando estão felizes, a literatura científica nem sempre confirma isso. Por exemplo, após analisar mais de 100 estudos, os autores descobriram evidências que sugerem que os cães agressivos abanam mais a cauda do que cães dóceis — um resultado completamente contraintuitivo.
(Fonte: Getty Images)
Os autores do estudo principal, publicado na revista Biology Letters, descobriram durante essas revisões que os cães abanam o rabo quando são apresentados a objetos aleatórios, como leques e sacos plásticos. Conforme os pesquisadores, o abanar de rabo nessas situações tende a indicar emoções positivas e/ou alta excitação, mas não medo e estresse.
Em outras ocasiões, cães de estimação foram observados abanando seus rabos quando queriam ser alimentados, sugerindo que o comportamento também poderia funcionar como um sinal de solicitação para seus donos. Confrontados com dados tão variados e contraditórios sobre o ato, os autores do estudo se mostraram incapazes de tirar quaisquer conclusões definitivas sobre a razão pela qual os cães agitam as suas bundas tão prontamente.
No entanto, eles propõem duas hipóteses: a "síndrome da domesticação" e a hipótese do "balanço rítmico domesticado". Nenhuma delas foi testada conclusivamente até o momento, mas ambas carregam alguma lógica em seu modelo de pensamento.
(Fonte: Getty Images)
Segundo a teoria da "síndrome da domesticação", o abanar do rabo pode ter surgido como um subproduto não intencional da seleção humana para outras características enquanto domesticavam cachorros no passado. Para comprovar isso, os investigadores apontam para um estudo realizado com raposas prateadas, criadas para se tornarem cada vez mais domesticadas e dóceis ao longo de 40 gerações.
“Embora o comportamento de abanar o rabo não tenha sido diretamente selecionado, as raposas domesticadas mostraram um comportamento de abanar o rabo semelhante ao dos cães e tinham caudas mais enroladas”, escrevem os autores. Na visão dos cientistas, isso pode ter sido devido a uma ligação genética entre a seleção para a mansidão e a anatomia da causa.
Alternativamente, outra hipótese que chama atenção é a do "balanço rítmico domesticado", que diz que o comportamento de abanar o rabo pode ter sido um dos alvos do processo de domesticação, com os humanos selecionando conscientemente cães que abanavam o rabo com mais frequência e potencialmente de forma mais ritmada por saberem que eles eram mais dóceis.
Embora altamente especulativa e não comprovada, essa teoria é baseada em pesquisas de neurociência cognitiva que indicam que o cérebro humano tem uma preferência natural por estímulos rítmicos. Reconhecendo a natureza provisória de suas propostas, no entanto, os autores concluíram que nenhuma dessas hipóteses é atualmente apoiada por evidências robustas. Logo, mais estudos ainda serão necessários para entender o "fenômeno" realizado pelos nossos amigos caninos.