Estilo de vida
10/02/2024 às 10:00•2 min de leitura
Em busca de alternativas ao uso de remédios para aliviar a dor, cientistas da Virgínia Tech, nos Estados Unidos, descobriram que o ultrassom focado pode reduzir a percepção da dor se direcionado a uma área específica do cérebro. Os resultados da pesquisa inovadora foram publicados na revista PAIN no dia 5 de fevereiro.
O tratamento da dor e da depressão via técnicas não cirúrgicas, como a estimulação magnética transcraniana, tem sido estudado há anos. No entanto, esta é a primeira vez que a tecnologia conhecida como ultrassom focado atingiu a ínsula, um lobo cerebral que realiza a regulação emocional.
Baseado na mesma técnica que auxilia na visualização de bebês no útero, este método direciona uma banda estreita de ondas sonoras a um ponto minúsculo do cérebro. Quando utilizadas em baixa intensidade, essas ondas são capazes de modificar a atividade elétrica das células nervosas.
(Fonte: Getty Images)
Para verificar os efeitos na prática, a equipe liderada pelo professor da Virginia Tech, Wynn Legon, recrutou 23 voluntários saudáveis. Uma pequena quantidade de calor foi aplicada no dorso das mãos dos participantes, para provocar dor, e todos tinham um dispositivo que emitia as ondas focadas em um ponto do cérebro.
Durante o experimento, os voluntários avaliaram sua percepção de dor em cada aplicação do calor, em uma escala de 0 a 9. A frequência cardíaca e a variabilidade dela também foram monitoradas, para averiguar como a reação do corpo a um estímulo doloroso é afetada pelo ultrassom focado no cérebro.
Ao final, os participantes relataram uma pequena redução média na dor, de apenas três quartos de um ponto, mas o resultado foi comemorado pelos autores. “Isso pode parecer uma quantidade pequena, mas uma vez que você chega a um ponto completo, beira a ser clinicamente significativo”, comentou Legon em entrevista ao site da Virginia Tech.
(Fonte: Getty Images)
Outra descoberta é que as ondas sonoras com foco restrito a uma área específica do cérebro também modificaram as respostas físicas do corpo à dor. Tal condição foi medida por meio dos batimentos do coração e da variabilidade da frequência.
Ainda conforme o líder da pesquisa, o aumento da capacidade do organismo de lidar e reagir à dor, como detectado no experimento, pode ser uma forma de levar a vida com menos doenças.
Quando sentimos dor, a primeira reação é tomar remédio para aliviá-la, buscando entre as opções guardadas em casa. Mas dependendo da intensidade, a recomendação médica para usar analgésicos mais fortes, como os opioides, pode ser necessária.
Mudar essa situação, que em alguns casos leva ao vício em medicamentos, é um dos objetivos dessa pesquisa recente. Aproveitar os resultados para investigar como o cérebro e o coração se influenciam e se é possível mitigar a dor ao reduzir seus efeitos de estresse cardiovascular são algumas das ideias.