Artes/cultura
09/02/2024 às 04:30•2 min de leitura
Em uma cena do filme X-Men 2, de 2003, o personagem Magneto, preso em uma prisão de segurança máxima feita de plástico, consegue fugir usando seus poderes magnéticos para extrair o ferro presente no organismo de um guarda. Mais de vinte anos depois, algumas pessoas continuam se questionando se um ímã suficientemente forte poderia afetar o seu sangue.
O próprio filme explica como a “mágica” funcionou, mostrando que, na véspera, outra supervilã — a Mística — injetou metal no corpo do policial, e foi essa substância, convertida pelo Mestre do Magnetismo em pequenas bolinhas, que abriu caminho para sua fuga, inclusive transmutada em uma providencial ponte.
Mas tudo isso não adianta. Uma atração pelo oculto, pela conspiração ou pelo misticismo faz com que muitos se organizem em grupos nas redes sociais para avaliar os danos que um suposto inimigo poderia causar, se tivesse um magneto adequado. E o que diz a ciência a respeito? Confira abaixo.
Mais do que aquele líquido vermelho que os vampiros chupam, o sangue é um composto de quatro elementos: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas, suspensos em um fluido chamado plasma. E nenhum deles é magnético.
Ah, mas o sangue contém ferro, dirão os magnetofóbicos. Sim, a hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos tem átomos de ferro em sua estrutura, mas isso não os torna magnéticos, pois o ferro da hemoglobina está em estado químico ferroso. Isso significa que ele perdeu dois elétrons em sua configuração e não é atraído por ímãs.
Se o ferro do sangue, mesmo tendo se transformado em um íon com carga positiva de +2, fosse atraído por um campo magnético forte, imagine o estrago causado por uma máquina de ressonância magnética quando alguém fosse fazer um exame de rotina. Mas a própria RM mostra que o sangue tem algumas propriedades magnéticas, porém fracas.
(Fonte: 20th Century Fox)
Em nome da clareza científica, é bom deixar claro que as máquinas de RM só conseguem detectar alterações no cérebro, diz a Radiopaedia, em função de uma diferença nas propriedades paramagnéticas da oxiHb e da desoxiHb, abreviaturas de hemoglobina oxigenada e hemoglobina desoxigenada, respectivamente.
A hemoglobina oxigenada é um pouquinho diamagnética, ou seja, ligeiramente repelida por um campo magnético, enquanto a versão desoxigenada é paramagnética, o que significa ser ligeiramente atraída por um campo magnético. E são essas diferenças que permitem a medição da atividade cerebral por meio de aparelhos de RM.
Portanto, a conclusão de todas essas questões é: não, um ímã, mesmo um muito forte, não é capaz de afetar ou atrair o sangue das pessoas, já que nenhum componente dele é magnético ou vulnerável à atração magnética. Sobre como Magneto conseguiu essa proeza, é bom lembrar que essa mesma pessoa (Ian McKellen) é também o mago Gandalf que, como sabemos, tem o poder da magia elemental.