Ciência
26/02/2024 às 14:00•2 min de leitura
Um estudo feito por pesquisadores do Canadá e da Noruega apontou que os maiores animais do planeta, as baleias-azuis, estão se envolvendo em acasalamentos com uma espécie vizinha, as baleias-comuns. Mas o que torna isso tão surpreendente? E como isso está afetando esses magníficos mamíferos marinhos?
As baleias-azuis (Balaenoptera musculus), animais gigantes que podem chegar a mais de 30 metros, enfrentaram sérios desafios ao longo do tempo. No início do século XX, foram alvo de uma intensa caça comercial que quase as levou à extinção. Além disso, muitas morreram — e ainda morrem — em choques com embarcações.
Hoje, enquanto lutam para se recuperar, ainda enfrentam ameaças e são classificadas como ameaçadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). No entanto, estudos recentes têm revelado um novo capítulo na história desses gigantes gentis.
A baleia-azul é, atualmente, um gigante marinho com risco de extinção. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Os pesquisadores, utilizando técnicas avançadas de sequenciamento genômico, descobriram que cerca de 3,5% do DNA das baleias-azuis do Atlântico Norte é proveniente das baleias-comuns (Balaenoptera physalus). Esse fenômeno, conhecido como introgressão (processo no qual os genes de uma espécie são transmitidos a outra espécie), sugere uma troca genética significativa entre as duas espécies.
Ao contrário do que se pensava anteriormente, esses híbridos não parecem ser estéreis.
Pelo contrário, estão se reproduzindo com sucesso com baleias-azuis, criando uma descendência de animais retrocruzados — o retrocruzamento acontece quando há o cruzamento de híbridos com seus ascendentes ou com animais que compartilham genes idênticos aos ascendentes — que carrega uma mistura única de características genéticas.
Os cientistas continuam desvendando os mistérios por trás desses acasalamentos interespécies. Uma teoria sugere que a redução drástica na população de baleias-azuis pode estar levando-as a buscar parceiros fora de sua espécie para garantir a sobrevivência de sua linhagem genética.
Por outro lado, a presença de DNA de baleia-comum pode trazer vantagens adaptativas para as baleias-azuis, tornando-as mais resistentes às mudanças ambientais.
O cruzamento da baleia-azul com a baleia-comum pode gerar problemas adaptativos no futuro, prejudicando sua sobrevivência. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Por mais que seja curiosa e surpreendente essa possibilidade de cruzamento entre as espécies, surgem preocupações sobre os possíveis impactos a longo prazo desse intercâmbio genético.
Na perspectiva dos cientistas, caso a introgressão continue sem controle, existe a hipótese de haver a diluição da diversidade genética das baleias-azuis, tornando-as menos adaptáveis a futuras pressões ambientais, como as mudanças climáticas. Portanto, compreender a extensão e as implicações desse fenômeno é crucial para orientar esforços de conservação eficazes.
Por mais que descobertas como essa nos lembrem da complexidade, da interconexão da vida marinha e de sua resiliência, é importante haver a criação de meios que contribuam para a preservação da baleia-azul. Caso não ocorra, nem sua habilidade de criar mecanismos de sobrevivência será capaz de resistir à nocividade das práticas humanas.