Artes/cultura
28/02/2024 às 10:00•2 min de leitura
Os microplásticos podem ser encontrados praticamente em todos os lugares do mundo, desde os oceanos até os alimentos e até mesmo em nossos corpos, pelo menos é o que indica um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade do Novo México (EUA). De acordo com os pesquisadores, amostras de microplásticos foram encontradas em todas as placentas humanas testadas no estudo.
Embora esses pequenos pedaços de plástico tenham sido descobertos em placentas pela primeira vez em 2020, o presente estudo teve como objetivo medir a quantidade e os tipos de plástico que poderiam ser encontrados. Para fazer isso, os investigadores coletaram 62 amostras de placentas doadas e quebraram a gordura e as proteínas nelas presentes em um processo chamado saponificação.
(Fonte: GettyImages)
Após a coleta das placentas, os cientistas envolvidos no estudo giraram rapidamente as amostras em um dispositivo chamado ultracentrífuga, o qual separou todos os microplásticos existentes no objeto de estudo em um pequeno reservatório. Então, os investigadores introduziram a pirólise, uma técnica que envolve o aquecimento de uma pepita de plástico, causando sua combustão para analisar as emissões de gases resultantes do processo.
Esse tipo de técnica serve para descobrir quais tipos de plástico estavam presentes. “A emissão de gás vai para um espectrômetro de massa e fornece uma impressão digital específica”, disse o principal autor do estudo, Dr. Matthew Campen, em comunicado oficial. Segundo os dados finais, microplásticos foram encontrados em todas as 62 amostras de placentas, variando de 6,5 a 790 microgramas por grama de tecido.
Quantidades de microgramas desses plásticos podem não parecer muito no primeiro momento, mas seus efeitos na saúde não são claros — embora alguns estudos prévios tenham sugerido que os microplásticos têm o potencial de perturbar funções corporais em vários sentidos.
(Fonte: GettyImages)
Teoricamente, alguns microplásticos são tão pequenos que podem atravessar todos os tipos de membranas no corpo humano. Segundo Campen, se essa dose continuar subindo no futuro da humanidade, isso pode gerar grande preocupação. "Se observarmos efeitos nas placentas, então toda a vida dos mamíferos neste planeta poderá ser afetada. Isso não é bom", destacou.
De todo modo, os pesquisadores ressaltaram que novos estudos serão necessários para confirmar se os microplásticos realmente são capazes de passar da placenta para os fetos. Campen também expressou preocupação com a rapidez com que a concentração desses plásticos poderia aumentar nas placentas. Enquanto as placentas existem por somente cerca de oito meses, outros órgãos do corpo humano estão acumulando microplásticos durante períodos muito mais longos.
Para continuar o estudo, os investigadores pretendem refinar as técnicas de medição das concentrações de microplásticos para o futuro, de modo que essa ferramenta possa ser utilizada em pesquisas que examinem os fatores que impulsionam a absorção e distribuição desses materiais nas placentas e no corpo humano na totalidade.