Artes/cultura
29/02/2024 às 02:00•2 min de leitura
A descoberta de objetos em excelente estado de preservação é motivo de alegria para arqueólogos e entusiastas. Mas quando o objeto descoberto em questão ainda apresenta algum conteúdo improvavelmente preservado em seu interior, uma série de questões e hipóteses começam a ser formuladas.
(Fonte: Oxford Archaeology/Reprodução)
É exatamente esse último cenário que descreve parte do dilema de pesquisadores da Oxford Archaeology. Tudo isso porque um antigo ovo, encontrado em uma localidade situada a 80 quilômetros de Londres, está absolutamente intacto, contrariando todas as probabilidades disso ocorrer.
Esse assentamento já foi palco de inúmeras descobertas que remontam à antiguidade romana. Assim, artefatos que datam de 270 e 300 d.C. foram achados por lá. Com este ovo, no entanto, é diferente.
Encontrado há alguns anos, cientistas já sabem que ele possui 1700 anos. E mais recentemente, uma tomografia realizada revelou que no seu interior há bastante líquido, o que é um mistério, já que materiais orgânicos geralmente não ficam preservados por muito tempo, quanto mais por mais de um milênio e meio!
(Fonte: Oxford Archaeology/Reprodução)
Pesquisadores apontam que a presença de um solo mais úmido, de natureza argilosa, impediu que a oxidação ocorresse, de modo que acidentalmente tenha sido mantida uma espécie de barreira protetora natural. Curiosamente, esse mesmo ovo corresponde à primeira evidência da habitação romana na atual Grã-Bretanha. Trata-se do ovo mais antigo intacto e naturalmente preservado.
Apesar dessa constatação quanto à presença de material orgânico, ainda não se sabe se o ovo teria sido ou não fertilizado. Pesquisadores estão recorrendo à análise de coleções semelhantes, mas ainda não conseguem determinar o que de fato há no seu interior.
(Fonte: Oxford Archaeology/Reprodução)
Caso não consigam descobrir, será necessário perfurar a superfície do ovo para avançar na análise. Para isso, é possível recorrer a métodos que permitam que um pequeno furo seja realizado na casca para permitir a passagem do líquido. A partir disso, será possível apontar, afinal, a qual espécie pertence o ovo.
E embora exames de DNA sejam imprescindíveis para tal, existe a suspeita que se trate de um ovo de galinha. Encontrado em 2010, ele estava próximo de outros objetos: uma cesta de tecido, sapatos de couro, ferramentas de madeira, ossos de animais e vasos de cerâmica, além de outros três ovos.
E para dar uma amostra do tipo de desafio que os arqueólogos lidam em seu trabalho: na ocasião da coleta, dois dos três ovos intactos ovos quebraram, liberando um odor extremamente desagradável. Por ora, este ovo intacto que restou está preservado no Discover Bucks Museum, na cidade inglesa de Aylesbury.