Artes/cultura
16/05/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 16/05/2024 às 18:00
A data de 26 de abril de 1986 entrou para a história. Naquele dia, o reator nuclear de número 4 da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu, lançando material radioativo na atmosfera, matando milhares de pessoas. O que começou como um teste de segurança e resultou em um acidente sem precedentes não teria ocorrido não fosse uma sequência de erros.
Diferentes falhas humanas culminaram na explosão. Nem mesmo a tentativa soviética de esconder o acidente foi eficaz. No dia 28 de abril, o mundo tomou conhecimento de que um reator havia detonado, espalhando radiação pelo oeste e norte de Pripyat. Os erros que levaram à explosão e adiantaram o fim da URSS também foram identificados na Polônia e Bielorrússia.
Relatórios produzidos pela World Nuclear Association, organização internacional que promove o setor, demonstraram que, entre as principais razões para o colapso do reator 4, as falhas no projeto dele se destacam. Todos os reatores presentes em Chernobyl faziam parte de um projeto ambicioso do governo soviético chamado RBMK, criado na década de 1970.
Os reatores deste modelo eram projetados com um sistema de refrigeração à base de água e hastes de controle de grafite, responsáveis por regular a fissão. As perícias conduzidas após a explosão descobriram que os reatores RBMK não eram capazes de absorver os nêutrons, resultado do excesso de vapor no sistema de resfriamento de água.
Outra descoberta posterior ao desastre nuclear de Chernobyl foi que os problemas existentes no sistema não eram uma novidade para os responsáveis. Outros acidentes e emergências ocorreram nos reatores antes daquele abril de 1986, sendo sempre encobertos pelos responsáveis do programa nuclear soviético.
Havia provas substanciais de que os reatores não eram seguros, com ao menos um vazamento anterior registrado quatro anos antes. Porém, as autoridades mantiveram segredo e ignoraram questões importantes de segurança que poderiam ter evitado o acidente. Essas informações só vieram a público em 2021.
Outro aspecto que contribuiu para o acidente nuclear de Chernobyl foi a formação inadequada de parcela considerável dos operadores que trabalhavam no Complexo Energético. Dados de relatórios demonstraram que as pessoas não tinha conhecimento suficiente para operar uma central elétrica complicada e de última geração de modo eficaz e, principalmente, seguro.
Mesmo o teste que era conduzido na noite do colapso do reator 4 foi resultado da falta de compreensão da equipe sobre os sistemas internos dele. Documentos do governo soviético apontaram que os operadores haviam, ainda por cima, sido negligentes. O resultado foi a prisão deles – sem contar os que perderam suas vidas em virtude de problemas decorrentes da exposição à radiação.
Quando o governo da União Soviética estava erguendo os reatores de Chernobyl, deixaram de levantar estruturas de contenção, que mitigariam os efeitos de um colapso no sistema. A prática, inclusive, era uma característica comum em todos os projetos de reatores nucleares ocidentais. Outro problema de Chernobyl era a ausência de dispositivos instrumentais e de controle capazes de monitorar em tempo real de modo adequado a situação do núcleo.
Artigo publicado na revista científica Nature mostrou que VIktor Bryukhanov, diretor responsável pela instalação dos reatores, levo adiante o projeto com instalação de cabos elétricos sem revestimento resistente ao fogo. Ele também teria cortado outros elementos relacionados à segurança do complexo, de modo a garantir que ele seguisse sua execução.
Por fim, e tão problemático quanto os demais elementos, o projeto de construção da usina foi negligente ao não manter um plano de evacuação da cidade em caso de um eventual acidente.