Ciência
26/04/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 26/04/2024 às 09:00
As bombas atômicas lançadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki deixaram mais de 320 mil mortos em território japonês — o que inclui tanto as vítimas expostas diretamente pela explosão, quanto pela radiação, em outro momento. Simbolicamente, o uso desses artefatos não apenas decretava o final da Segunda Guerra Mundial, como era um prenúncio sombrio da Guerra Fria.
Prova disso é que a corrida armamentista que se seguiu mostrou como a maior bomba já detonada não foi nenhuma das lançadas contra os japoneses, mas sim outra, projetada pela extinta URSS.
Enquanto as bombas que devastaram as duas cidades japonesas tinham 15 e 21 quilotons de potência, respectivamente, a bomba termonuclear desenvolvida pela União Soviética foi muito além disso.
A chamada Tsar Bomba apresentava 58 megatons, dando uma visão ameaçadora do seu potencial destrutivo 3,3 mil vezes maior. Se ela tivesse sido lançada em um local populoso, os danos seriam praticamente inimagináveis, o que nos leva ao próximo ponto.
Demonstrar que também era capaz de desenvolver um arsenal bélico poderoso foi a resposta que a antiga União Soviética adotou frente aos Estados Unidos. Para isso, o arquipélago de Nova Zembla foi o escolhido para esse ensaio.
E mesmo estando distante das áreas mais povoadas, a Tsar Bomba mostrou seus efeitos surpreendentes, quebrando janelas e gerando uma onda de energia intensa. A nuvem gerada a partir dessa bomba, naturalmente, também foi maior que a observada sobre Hiroshima e Nagasaki.
Na superfície terrestre, o impacto proveniente dessa explosão foi significativo, gerando um tremor de 5 graus na escala Richter. Mas quimicamente falando, o que diferenciava a bomba desenvolvida pelos soviéticos das demais?
Além da diferença de potência, o processo de detonação também é distinto. No caso da bomba nuclear, feita de urânio, ocorre o processo de fissão, que consiste na quebra do núcleo dos átomos, liberando energia em cadeia de forma repentina.
Mas com a Tsar Bomba, era outra história: nela, a fusão do núcleo dos átomos é o segredo. Temos aqui, portanto, uma reação com natureza diferente, mas que também promove a transformação da energia.
E para que sua explosão se inicie, é necessário detonar uma bomba atômica que libere energia e calor o suficiente para aproximar os núcleos dos átomos. Ou seja, trata-se de uma bomba de hidrogênio termonuclear, de duas etapas.
Os tripulantes do Tu-95, que detonaram a bomba em 30 de outubro de 1961, lidaram com a probabilidade de 50% de sobreviver após a explosão. A aeronave em que estavam foi atingida por uma forte onda de choque e quase foi consumida pelo impacto da explosão, mas o piloto conseguiu assumir o controle novamente. Enquanto isso, construções localizadas a mais de 200 quilômetros de distância eram demolidas.
E isso, vale destacar, ocorreu mesmo quando a potência da Tsar Bomba foi reduzida pela metade, pois o projeto inicial previa uma bomba de 100 MT. Mas para os EUA, essa demonstração de poder foi o bastante para incentivar a construção de artefatos mais poderosos em seguida.
Não é à toa o que dizem sobre todo o arsenal desenvolvido durante a Guerra Fria ser capaz de destruir a Terra várias vezes.