Estilo de vida
18/03/2015 às 08:37•2 min de leitura
As abelhas têm uma grande capacidade de realizar tarefas complexas, como contar ou reconhecer um rosto humano. Esta observação foi feita por uma jovem pesquisadora francesa, que recebeu nesta quarta-feira um prêmio por seu trabalho oferecido pela fundação L'Oréal-Unesco "Para as Mulheres e a Ciência".
Após estudos brilhantes, Aurore Avargues-Weber, de 31 anos, pesquisadora da Universidade de Ciências Toulouse (sudoeste) descobriu por acaso o mundo das abelhas durante um estágio. O estalo foi imediato: "Percebi que esses insetos eram capazes de realizar tarefas complexas", diz com entusiasmo. "E os resultados podem ser percebidos muito mais rapidamente do que em macacos".
O trabalho realizado como parte de sua tese demonstra empiricamente "a grande capacidade de abstração das abelhas: elas sabem contar e reconhecer um rosto", explica Avargues-Weber. Colocadas na entrada de um labirinto, as abelhas identificaram vários sinais representados em um mapa e, depois de um rápido aprendizado, elas escolhiam regularmente a saída cujo sinal levava a uma recompensa.
Apesar de um cérebro do tamanho de uma cabeça de alfinete, as abelhas possuem uma "boa visão e uma grande memória", diz a pesquisadora. Ela também provou que estes insetos não são guiados apenas por seu instinto. Mediante um teste realizado ao ar livre, a jovem mostrou a capacidade deste animal de "adaptar o seu comportamento ao ambiente e às experiências vividas".
Até então, essa capacidade de relacionar elementos era considerada pela comunidade científica como própria dos seres humanos e de alguns macacos. "Muitas vezes pensamos que só os grandes macacos são inteligentes, mas isto está errado", insiste Avargues-Weber.
A jovem quer agora entender como as abelhas executam tarefas desta complexidade com tão poucos neurônios (um milhão, contra 100 bilhões para um ser humano). Ela trabalha com várias linhas de pensamento: o cérebro das abelhas possui um método mais eficaz do que o do Homem para processar informações? Ou seria possível que um mesmo neurônio fosse usado para diferentes funções?
Para tentar resolver este enigma, Avargues-Weber conduzirá estudos em laboratório. Sensores serão ligados às abelhas a fim de medir a atividade cerebral, enquanto elas evoluem em um ambiente virtual usando um simulador. Para além do mundo animal, suas observações sobre o funcionamento cognitivo das abelhas poderiam ajudar a compreender melhor o cérebro humano, o que poderia contribuir para o desenvolvimento da inteligência artificial.
Ainda que o trabalho da jovem não lide diretamente com a proteção desta espécie cada vez mais ameaçada, ela espera, no entanto, "educar mais pessoas para a proteção das abelhas, mostrando o quão inteligentes são esses insetos". Segundo ela, as moléculas tóxicas de pesticidas "não matam diretamente as abelhas, mas perturbam seu o sistema nervoso". "Sua memória diminui, elas se perdem e confundem os odores", avisa.
Os primeiros estudos sobre este inseto remonta ao início do século passado. O austríaco Karl Von Frisch descriptografou "a linguagem das abelhas": para indicar uma fonte de alimento para os seus pares, as abelhas executam uma dança sutil. Ele também demonstrou a capacidade das abelhas para distinguir cores. Por seu trabalho, Aurore Avarguès-Weber irá receber uma bolsa de 20.000 euros da fundação criada em 2007 para encorajar as jovens mulheres talentosas "a prosseguir com sua carreira científica".
Por Constance e De Cabierie - Toulouse, França
Via EmResumo