Lobotomia: descubra o que é a prática mais abominável da medicina
11/02/2021 às 13:30•3 min de leitura
1. A palavra “lobotomia” significa “cortar um lobo cerebral”, o que quer dizer isso mesmo: tirar um pedaço do cérebro
A lobotomia, também chamada de leucotomia, é um tipo de cirurgia realizada no cérebro na qual são cortadas e removidas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. Essa prática, hoje condenada, foi muito utilizada no passado no tratamento da esquizofrenia e outros problemas de ordem mental.
2. No início do século XX, muitos psiquiatras recomendavam a seus pacientes uma lobotomia da região frontal do cérebro, com a intenção de aliviar sintomas de doenças
Ah, sim, claro. Corta aí, doutor.
3 – Atualmente, o procedimento é realizado mais na América do Norte do que em qualquer outro lugar do mundo – e, sim: lobotomias ainda são feitas, mas com menos riscos
Hoje pelo menos tem anestesia.
4 – O criador do procedimento, Friederich Golz, fez lobotomia em seus cachorros quando era criança. Anos mais tarde, em 1892, ele submeteu seis pacientes esquizofrênicos a lobotomias – aqueles que sobreviveram tiveram melhoras nos sintomas
Friederich Golz, o próprio.
5 – Outros pesquisadores, no entanto, não creditam a invenção da lobotomia a Golz, mas ao neurologista John Fulton, que observou que um chimpanzé estava muito mais calmo depois de ter passado por uma cirurgia que rompeu as conexões entre seu lobo frontal e as áreas do cérebro que são responsáveis por controlar as emoções
John Fulton
6 – A primeira lobotomia realizada em uma pessoa aconteceu no dia 12 de novembro de 1935, quando o neurocirurgião português Almeida Lima usou álcool para destruir parte do tecido cerebral de um paciente
Álcool? De boa!
7 – Lima realizou a cirurgia graças à ideia do colega Egas Moniz, que viria a ser um ganhador do Prêmio Nobel por descobrir o valor terapêutico do procedimento em pacientes com alguns distúrbios psiquiátricos
Egas Moniz.
8 – Inicialmente, as lobotomias eram realizadas com o auxílio de picadores de gelo – às vezes da própria cozinha dos médicos. A ponta do material era levada ao cérebro por uma perfuração feita atrás dos olhos do paciente. Uma vez que a ponta chegasse ao cérebro, o médico dava uma girada e tirava um pedaço de tecido – precisão zero, né? Nem precisamos dizer: anestesia? Lógico que não
Parece filme de terror, mas é só a medicina antiga mesmo.
9 – Sabe a pior parte? O procedimento era longo, bizarro, doloroso e feito em pessoas que supostamente eram “doentes mentais”. Os médicos que realizavam essas lobotomias chegaram a admitir que não havia qualquer diferença cerebral entre os tecidos de pessoas “saudáveis” e o de pacientes com as tais “doenças mentais”
“Abra o olhinho, por favor, que vou fazer um grande estrago no seu cérebro”.
10 – O famoso neurocirurgião Walter Freeman realizou 3,5 mil lobotomias em 23 estados norte-americanos ao longo de sua carreira. Muitos desses pacientes acabaram morrendo, obviamente
<3
11 – A artista modernista Sigrid Hjertén foi diagnosticada como esquizofrênica, internada em um hospital psiquiátrico e submetida à lobotomia. Ela morreu em 1948, por causa da cirurgia
=(
12 – Na Suécia, de onde Hjertén era, pelo menos 4,5 mil pessoas foram submetidas à lobotomia entre os anos de 1944 e 1966, sendo a maioria dos pacientes mulheres
Afinal mulheres são loucas. ¬¬
13 – Uma das primeiras pessoas famosas a passar pelo procedimento foi o ator Warner Baxter, que foi submetido a uma lobotomia para tratar dores de artrite, mas morreu logo depois da cirurgia
Na época, ele era o ator mais bem pago de Hollywood.
14 – O pai do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy achava que sua filha, Rosemary Kennedy, era rebelde demais e não “combinava” com a família. Por isso, sem contar a ninguém, ele contratou um médico para que a filha fosse submetida a uma lobotomia. O procedimento, que foi realizado quando ela tinha 23 anos, deixou a jovem completamente incapacitada. Rosemary passou o resto de sua vida escondida do público, em uma instituição católica, sendo cuidada por freiras. Ironicamente, ela foi a única dos filhos a morrer de causas naturais, em 2005
Família feliz.
15 – Apesar de tudo isso, Walter Freeman considerava o procedimento “um sucesso” e chamava de “pequeno detalhe” o fato de que seus pacientes precisavam reaprender a andar e falar depois da lobotomia – isso quando não morriam, é claro