Ciência
31/08/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 31/08/2024 às 16:00
Em 2015, uma mulher chamada Lida Xing esbarrou com um pedaço de âmbar que parecia estar envolto em uma planta num um mercado de Myanmar e logo se tornou apaixonada pelo objeto. Contudo, após algum tempo, ela notou que algo estava estranho com sua compra e sugeriu que o Instituto Dexu de Paleontologia a estudasse. Após uma inspeção detalhada, pesquisadores descobriram que o material não continha planta nenhuma.
Na verdade, o que antes pensava-se ser uma planta revelou ser uma cauda emplumada de um jovem celurossauro — um dinossauro terópode relacionado às aves modernas. O estudo também relevou que o fóssil possuía impressionantes 99 milhões de anos e estava prestes a ser vendido como uma bugiganga qualquer.
Com o uso de tomografias e outras tecnologias modernas, os cientistas perceberam que a estrutura delicada no interior do âmbar era muito mais complexa do que uma simples planta. O esqueleto da cauda estava incrivelmente bem preservado, o que permitiu identificar que pertencia a um dinossauro terópode, um grupo que inclui espécies carnívoras e, inclusive, ancestrais das aves.
Em 2016, o coautor do estudo Ryan McKellar comentou sobre a descoberta em declaração oficial. "O novo material preserva uma cauda composta por oito vértebras de um animal jovem; elas são cercadas por penas preservadas em 3D e com detalhes microscópicos", disse.
Graças ao fóssil, os cientistas agora têm mais evidências de que a evolução das aves foi diretamente influenciada por dinossauros pequenos e, provavelmente, muitos deles tinham uma aparência mais "fofa" do que imaginávamos. Este tipo de descoberta dá aos pesquisadores novas oportunidades para explorar as características e comportamentos desses dinossauros menores.
A descoberta da cauda emplumada oferece mais do que apenas um novo fóssil: ela reforça a teoria de que as aves modernas descendem diretamente dos dinossauros, com características como penas tendo evoluído muito antes do que se pensava. As penas, segundo o estudo, parecem não ter sido usadas inicialmente para o voo, mas para outras funções como se exibir e se proteger de predadores.
Além disso, a preservação no âmbar é tão detalhada que os cientistas puderam estudar a estrutura das penas, proporcionando mais informações sobre como esses dinossauros poderiam ter se movimentado e vivido. "É incrível ver todos os detalhes da cauda de um dinossauro — os ossos, a carne, a pele e as penas — e imaginar como esse pequeno indivíduo ficou com a cauda presa na resina e então provavelmente morreu porque não conseguiu se soltar", disse o professor Mike Benton em entrevista à BBC.
Embora essa seja uma maneira inusitada e infeliz de se morrer, pode-se dizer que o animal foi poupado de ser rotulado como uma planta e transformado em uma joia no presente.