Cogumelos mágicos dessincronizam o cérebro humano por até 3 semanas

28/07/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 28/07/2024 às 12:00

Um estudo recente, liderado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA. e publicado na revista Nature, confirmou que uma dose única de psilocibina, o princípio ativo dos chamados cogumelos mágicos, "produz efeitos terapêuticos rápidos e persistentes em ensaios clínicos com humanos", afirmam os autores.  

Embora as pessoas que consomem esse tipo de substância psicodélica experimentem "viagens" alucinantes, em que seu senso de espaço, tempo e self é alterado, é possível, segundo os pesquisadores, que essas experiências, aplicadas sob certas condições, consigam aliviar o sofrimento mental

Nesse sentido, o estudo fornece não apenas uma explicação neurobiológica para os efeitos surreais do alucinógeno, mas sugere alguns princípios para o desenvolvimento de terapias para doenças mentais apoiadas por psilocibina. Entre esses transtornos, estão a depressão e o TEPT (transtorno do estresse pós-traumático). 

Como foram feitas as "viagens" controladas de cogumelos mágicos?

Para testar suas hipóteses, a equipe recrutou sete voluntários para consumir 25 mg de psilocibina ou 40 mg de metilfenidato (nome genérico da Ritalina, dose correspondente para efeitos de excitação). Os participantes realizaram cerca de 18 exames de ressonância magnética cerebral antes, durante e depois da "viagem", para mostrar os efeitos agudos e persistentes da droga.

O uso da psilocibina alterou de forma profunda e generalizada, mas não permanente, as redes funcionais do cérebro dos participantes. Um dos efeitos observados foi a dessincronização da rede de modo padrão (DMN na sigla em inglês), um conjunto de regiões cerebrais que é mais ativo quando estamos em repouso ou não focados em tarefas externas. 

Quando os efeitos da droga passaram, a DMN se reconstituiu da perda de sincronia, mas foram detectadas pequenas diferenças quando comparada ao mapeamento cerebral anterior à psilocibina. Essas discrepâncias permaneceram por semanas, enquanto, nas pessoas que tomaram o metilfenidato, a DMN permaneceu estável. 

O que os cientistas concluíram sobre o uso controlado da psilocibina?

X. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
No longo prazo, a psilocibina deixou o cérebro dos participantes mais relaxado. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Para o primeiro autor do artigo, Joshua Siegel, "a ideia é que você está pegando esse sistema que é fundamental para a capacidade de o cérebro pensar sobre o eu em relação ao mundo e o está dessincronizando completamente, de forma temporária", explicou o psiquiatra em um comunicado.

Embora tenha criado uma viagem psicodélica no curto prazo, a droga teve um efeito relaxante no cérebro a longo prazo, tornando-o mais capaz de entrar em um estado mais saudável. Essa desconexão dentro da DMN permitiu aos participantes diminuírem a sua verborragia mental constante, e remodelarem seus padrões de pensamento mais facilmente.

Para o coautor sênior Nico Dosenbach, "há um efeito enorme inicialmente, e quando ele passa, um efeito pontual permanece". Ou seja, "é exatamente isso que você gostaria de ver em um medicamento em potencial", conclui o neurologista.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: