Ciência
14/06/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 14/06/2024 às 12:00
Em artigo publicado na revista Neotropical Ichthyology, um grupo internacional de pesquisadores realizaram uma diferenciação entre piranhas encontradas no rio Amazonas e seus afluentes, identificando duas novas espécies, entre elas, a que ganhou o nome de "sauron".
Essa não é a primeira vez que o vilão de O Senhor dos Anéis, escrito por J.R.R. Tolkien, é homenageado. Borboletas, sapos e até dinossauros já receberam a alcunha do famoso "olho flamejante".
Mas as piranhas poderiam fazer jus ao nome devido à sua fama de "vilãs dos rios", com dentes afiados, sedentas por sangue e carne. No entanto, a Myloplus sauron é vegetariana.
Esse tipo de piranha possui os dentes achatados, similares aos dos pacus. Sua alimentação é baseada em plantas e, até recentemente, acreditava-se que todas elas eram do tipo Myloplus schomburgkii, que é bastante característica por apresentar uma faixa preta na lateral do corpo.
Mas o grupo de pesquisadores decidiu ir mais a fundo no estudo desses peixes. Com amostras coletados no rio Xingu, eles analisaram a morfologia e o DNA desses animais. Os resultados mostraram que o que se acreditava ser um gênero único, na verdade, eram três. Enquanto algumas permaneceram no já conhecido grupo Myloplus schomburgkii, as outras duas foram nomeadas como M. aylan e a outra como M. sauron.
No artigo, os pesquisadores justificam a escolha do nome dizendo que: "o corpo elíptico do Myloplus sauron, marcado com uma barra preta vertical, afinando em ambas as extremidades, lembra o famoso Olho com pupila vertical do romance".
Além disso, eles relatam que há a presença de pequenas escamas douradas que lembram as "chamas da perdição".
O grupo de pesquisa lembra a dificuldade que existe para designar e diferenciar os gêneros dos peixes da família Serrasalmidae, à qual pertencem os pacus e as piranhas. As similaridades físicas — e muitas vezes fisiológicas — entre eles torna difícil a identificação e a classificação.
Outra dificuldade é o nosso desconhecimento sobre o que há embaixo das águas dos rios. O mundo subaquático guarda uma imensa diversidade inexplorada. Turbidez, profundidade e as correntes são fatores que atrapalham as expedições.
Tudo isso pode contribuir para que mudanças na classificação do nosso Sauron brasileiro, vegetariano, aquático e do bem, possa mudar. Os pesquisadores alertam para a possibilidade de mudança do grupo Myloplus conforme os estudos avançam. Há inclusive um novo alvo em potencial.
Foi identificada uma piranha do grupo Myloplus que apresenta uma mancha no formato de círculo no corpo ao invés da fenda. Seria uma nova espécie ou apenas uma característica específica daquele cardume?
Talvez ganhemos outros exemplares homônimos da saga para completar nossa própria versão épica e tupiniquim. Teremos que aguardar os próximos capítulos.