"Devoradores de Homens de Tsavo": estudo revela dieta dos leões assassinos

28/10/2024 às 06:002 min de leituraAtualizado em 28/10/2024 às 06:00

Em 1898, dois leões machos aterrorizaram um acampamento de trabalhadores no Quênia, arrastando suas vítimas das tendas à noite e devorando-as. Esses ataques, realizados por leões que ficaram conhecidos como os "Devoradores de Homens de Tsavo", deixaram um rastro de pavor e resultaram na morte de pelo menos 28 pessoas. Mais de um século depois, cientistas analisam os restos desses leões para desvendar sua dieta e os motivos por trás dos ataques.

Estudos recentes revelaram que os leões não só devoravam humanos, mas também tinham uma dieta surpreendentemente variada. A equipe de cientistas, liderada por pesquisadores da University of Illinois, analisou amostras de pelos encontrados nos dentes dos leões, agora preservados no Field Museum of Natural History (Museu Field de História Natural, em português), em Chicago.

A análise desses fragmentos, utilizando técnicas genômicas avançadas, mostrou que além de humanos, os leões também consumiram animais como girafas, órix, antílopes, zebras e até gnus.

Conhecendo a dieta

Leal abatido exposto como troféu. (Fonte: Field Museum of Natural History / Divulgação)
Leal abatido exposto como troféu. (Fonte: Field Museum of Natural History / Divulgação)

O comportamento incomum desses leões intrigava estudiosos há muito tempo. Diferente da maioria dos leões, que evitam interações com humanos sempre que possível, esses predadores pareciam ter desenvolvido uma “preferência” por caçar pessoas. 

A principal teoria para explicar esse comportamento relaciona-se a problemas dentários sofridos pelos leões, que dificultavam a caça de grandes presas. Incapazes de enfrentar animais maiores, eles buscaram alternativas mais acessíveis e vulneráveis — como os trabalhadores humanos, que representavam presas fáceis à noite.

O estudo revelou um detalhe intrigante: pelos de gnus foram encontrados nos dentes dos leões, embora esses animais vivessem a cerca de 50 milhas do local dos ataques. Isso indica que os leões talvez percorressem grandes distâncias para caçar ou que o território dos gnus era diferente do que se pensava. Essa descoberta abre novas questões sobre o alcance territorial dos leões e os períodos em que interrompiam os ataques a humanos.

Outro dado interessante foi a confirmação de que os leões eram irmãos, algo já especulado por muitos especialistas. Isso foi verificado através dos pelos de um leão encontrados nos dentes do outro, comportamento típico de leões que compartilham laços familiares. Essa descoberta ajuda a entender melhor os laços sociais que podem ter influenciado suas ações coordenadas na caçada.

Um pouco de ética

Dupla de leões causaram uma tragédia impressionante. (Fonte: John Weinstein, The Field Museum/ Divulgação)
Dupla de leões causaram uma tragédia impressionante. (Fonte: John Weinstein, The Field Museum/ Divulgação)

A pesquisa trouxe também um olhar diferente sobre a análise dos pelos humanos encontrados. Normalmente, é comum vermos preocupações éticas na ciência principalmente quando se trata de edição genética ou do uso de animais em laboratório. Contudo, os cientistas envolvidos no estudo resolverem aumentar o "guarda-chuva" dá ética.

Eles optaram por não aprofundar os estudos no DNA humano para respeitar possíveis descendentes das vítimas, que ainda podem viver na região. Esse cuidado ético ressalta a importância de levar em conta o impacto social e cultural ao realizar estudos sobre eventos trágicos do passado.

O estudo, publicado na Current Biology, mostrou que essas descobertas também trazem uma lição importante para o futuro. Ao identificar os fatores que levaram esses leões a caçar humanos, os pesquisadores esperam que esse conhecimento possa ser usado para prevenir novos incidentes similares.

Com uma melhor compreensão dos gatilhos ambientais e de saúde que influenciam o comportamento dos predadores, é possível desenvolver estratégias mais eficazes para mitigar conflitos entre humanos e animais em regiões onde eles compartilham o mesmo território.

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