Artes/cultura
21/07/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 21/07/2024 às 14:00
O El Niño é o fenômeno climático que se refere ao aquecimento anormal das águas do Pacífico, podendo ser devastador na sua pior versão. Ele altera temporariamente a distribuição de umidade e calor no planeta — principalmente na zona tropical. Também é responsável diretamente por fatores como ondas de calor no Canadá, secas na África e até mesmo tempestades intensas nas costas ocidentais das Américas.
De acordo com um novo modelo climático, no entanto, a situação pode ser ainda pior: a tendência é que esses piores cenários se tornem ainda mais prováveis em um futuro próximo e não haverá como reverter esse processo se ele acontecer.
Até o momento, os eventos mais extremos associados ao El Niño são casos de precipitação intensa e secas extremas — ainda sendo raros até agora. Porém, segundo os pesquisadores, caso o planeta siga aquecendo além de um certo ponto, todo esse cenário pode mudar drasticamente.
Ao modelar o sistema climático da Terra sob condições aquecidas e resfriadas, os autores descobriram que o El Niño-Oscilação Sul (ENSO) — o termo técnico para o fenômeno e que também inclui a fase mais fria "La Niña" — pode ser conhecido como um "elemento de inflexão" para o clima do planeta.
E o que isso quer dizer? Um elemento de inflexão é basicamente um reflexo severo do aquecimento global que pode agravar ainda mais as altas temperaturas. “Durante eventos extremos de El Niño, uma enorme quantidade de calor é liberada para a atmosfera que, de outra forma, é armazenada no oceano subterrâneo”, escreveram os autores. E embora El Niños anteriores só tenham gerado uma liberação de calor a curto prazo, o futuro pode ver um cenário muito mais crítico.
No pior dos cenários, os investigadores afirmam que os El Niños futuros poderão iniciar uma cascata de inflexão, o que consequentemente aumentaria ainda mais o aquecimento global. Mais preocupante que isso é que, caso isso realmente aconteça, esse não é um fenômeno reversível.
De acordo com vários modelos climáticos, uma mudança no ENSO levaria mais de um século — potencialmente até 200 anos — para retornar ao normal. Sendo assim, caso esse fenômeno climático sofra um pouquinho de mudança, ele gerará uma mudança extremamente drástica ao planeta.
Se esse limite for atingido, os pesquisadores sugerem que mais de 90% dos El Niños serão o que agora consideramos extremos, gerando graves impactos socioeconômicos na região do Pacífico e além.