Ciência
12/12/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 12/12/2024 às 15:00
Perdido por quase dois milênios sob as areias de Dura-Europos, na Síria, um escudo romano de madeira e couro voltou à luz no início do século 20. Esse artefato, conhecido como scutum, pertenceu a um soldado romano que possivelmente encontrou a morte em combate. Hoje, ele é uma janela para a vida militar e os desafios enfrentados por Roma em suas fronteiras.
O escudo, decorado com símbolos de vitória, como águias e leões, é um dos poucos exemplares preservados desse tipo de armamento. Com 105 centímetros de altura, sua construção laminada com camadas de madeira revela o cuidado com a proteção dos soldados. Apesar de fragmentado em 13 pedaços, o scutum ajuda arqueólogos a entender mais sobre as batalhas e as técnicas de defesa usadas há quase 1.800 anos.
O escudo foi encontrado em 1933 sob uma torre de fortificação, junto aos restos de 19 soldados romanos. Esses homens, enterrados vivos ou sufocados por armas químicas rudimentares usadas pelos sassânidas, enfrentaram uma morte trágica durante a invasão de Dura-Europos, em 256 d.C.
Acredita-se que os sassânidas, inimigos do Império Romano, tenham usado naphtha — uma substância inflamável que liberava gases tóxicos — para incapacitar os romanos. Esse evento foi uma das muitas estratégias brutais que marcaram os conflitos da época.
Depois da batalha, a cidade foi abandonada e, por séculos, permaneceu oculta sob as areias do deserto sírio. Sua redescoberta revelou não apenas esse escudo, mas também segredos sobre a vida na fronteira oriental do império.
O scutum de Dura-Europos não é apenas uma peça militar. Sua decoração com imagens de águias e vitórias aladas era um reflexo da glória que Roma buscava alcançar, mesmo em seus momentos mais difíceis.
Preservado no Yale University Art Gallery, o escudo é um lembrete tangível do poder e da resiliência dos romanos. Para além das batalhas, ele simboliza o esforço humano por sobrevivência e vitória.
Hoje, o scutum é mais do que uma peça de museu. Ele conta a história de um soldado, de uma cidade e de um império que enfrentaram o tempo e os desafios do mundo antigo, deixando um legado de coragem e luta.