Estudo encontra caminho para identificar ancestral de toda vida na Terra

Entender como a vida começou e evoluiu na Terra é uma questão que intriga os pesquisadores humanos há muito tempo. Porém, a ciência parece ter feito grandes avanços para encontrar algumas respostas.

Em um estudo recente, investigadores ofereceram novos insights sobre a origem da vida na Terra e de Luca, o último ancestral comum universal que teria existido em nosso planeta.

Busca pelo denominador comum

Cerca de 375 milhões de anos atrais, nossos ancestrais semelhantes a peixes respiravam por guelras. Já há 600 milhões de anos, o ancestral comum de todos os animais surgiu: o microscópico urmetazoário. No entanto, bilhões de anos de tudo isso acontecer, o ancestral comum de todos os organismos vivos deve ter existido e sua existência foi apelidada de "Luca" pelos pesquisadores.

Cientistas têm trabalhado na identificação de Luca ao longo de décadas com diferentes ideias sobre como ele era. A evidência fóssil mais antiga que temos para a vida tem cerca de 3,4 bilhões de anos, mas alguns estudos argumentam que Luca teria existido perto do nascimento da Terra, 4,5 bilhões de anos atrás.

Luca não foi a primeira forma de vida, mas o organismo do qual todos os organismos vivos atualmente descendem. Entender como ele era e quando ele viveu é importante para nos ajudar a entender como a vida evoluiu no planeta. E é justamente isso que um novo estudo publicado na Nature Ecology & Evolution tenta explicar. 

A origem de Luca

Para reconstruir o genoma de Luca, os investigadores coletaram amostras de genomas de diferentes grupos de bactérias e organismos unicelulares para ter certeza de que estavam amostrando a vida moderna. Ao todo, um conjunto de 700 genomas foi estudado em 2022.

Cada gene foi classificado em diferentes famílias para entender seu propósito em organismos modernos. Também foi construído um conjunto separado de 57 genes que são comuns a todos os 700 organismos estudados para encontrar um denominador comum nas formas de vida e que não mudaram muitos nos últimos bilhões de anos.

Os cientistas imaginaram Luca como um organismo bastante complexo, como bactérias e arqueias modernas, com um genoma pequeno. A estimativa é que esse ser tenha vagado pela Terra há cerca de 4,2 bilhões de anos. Caso esses números estejam corretos, a vida no mundo teria evoluído rapidamente — quase logo após a formação do planeta.

Reconstruindo um ancestral

A reconstrução de Luca feita pelos pesquisadores não é a primeira que tenta decifrar o último ancestral comum universal. Porém, mais e mais organismos estão sendo descobertos e sequenciados a cada ano e a tecnologia tem ficado mais poderosa, o que ajuda na criação de modelos evolucionários mais precisos.

Contudo, os pesquisadores têm uma preocupação: caso um dos primeiros descendentes de Luca não tenha sobrevivido até os dias modernos, isso significa que seus genes não existem mais. Portanto, seria impossível mapear essas famílias genéticas e a reconstrução do ancestral estaria incompleta.

Mesmo com essas limitações técnicas, os investigadores se mostraram animados com os dados coletados. Mas é preciso destacar que ainda falta muito trabalho para ser feito até que entendamos melhor como a vida evoluiu desde a formação do nosso querido mundo.