Saúde/bem-estar
31/05/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 31/05/2024 às 08:00
Apesar de sabermos que vivemos em constante comensalismo com pequenos seres celulares que habitam nosso corpo, sempre pensamos em nosso cérebro como algo sagrado, imaculado e livre de bactérias e outros pequenos invasores, mas aparentemente, podemos estar errados.
Um estudo apontou para a possibilidade do nosso cérebro também possuir uma colonização própria. Em geral, a especulação sobre o tema ocorreu em 2013, e foi publicada revista Plos One, mas não pareceu gerar tanta comoção.
A ideia de que nosso órgão de maior prestígio possa estar colonizado por um microbioma específico parece aterradora para alguns especialistas, pois nosso corpo possui todo um "sistema de proteção anti-malware".
A barreira hematoencefálica é responsável por regular o que entra em nosso sistema nervoso central, fazendo uma filtragem do sangue e das possíveis toxinas, hormônios ou ainda de microrganismos. Mas talvez ela não seja tão eficiente.
Conforme o estudo, foi realizando um extenso sequenciamento genético da análise de culturas de amostras cerebrais de pessoas com HIV, em comparação com amostras de pessoas sem a doença.
O resultado apontou a presença de 173 linhagens de bactérias e fagos. O que indicaria a presença de microrganismos povoando e formando um microbioma instável e patológico no cérebro.
Para os pesquisadores, a barreira hematoencefálica pode se tornar mais permeável em decorrência de algumas doenças e conforme a idade avança, propiciando a entrada de novos vetores, capazes gerar desequilíbrio nas relações já existente no sistema nervoso central.
Comprovar que de fato já existem organismos não estéreis atuando no nosso cérebro é algo bastante trabalhoso e difícil de concluir, pois o menor contato de líquido cefalorraquidiano ou mesmos a exposição de amostras do encéfalo ao ar ambiente, podem gerar contaminação.
É sabido que algumas infecções orais são capazes de romper a barreira e gerar infecções cerebrais. Estudos já apontaram alguma relação entre higiene bucal e o desencadeamento de doenças neurodegenerativas.
Mas os mecanismos de infecção e como essa invasão ao sistema nervoso central ocorrem ainda não são bem conhecidos. Há também a dúvida se de fato a infecção é a causa primária para o desenvolvimento dessas doenças.
Compreender como essa invasão e colonização patológica ocorre, alterando possivelmente o equilíbrio do nosso sistema nervoso central poderia ser a chave para compreender fatores de desenvolvimento de doenças demenciais, e até mesmo autoimunes, que afetam nosso cérebro.
Ainda que a discussão seja válida, os resultados do estudo supracitado devem ser observados com cautela, pois ainda não houve uma revisão sistemática e controlada que apontem resultados similares.