Artes/cultura
04/10/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 04/10/2024 às 03:00
Uma superbactéria resistente a antibióticos tem colocado em risco a saúde de humanos e de animais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Klebsiella pneumoniae, que é multirresistente, já causou a morte de muitas pessoas em pelo menos 16 países.
E como será que ela adquiriu essa resistência aos medicamentos? Novos estudos trazem pistas sobre como essa bactéria, que era até então relativamente comum no trato intestinal, passou a esse estágio de periculosidade.
Há cerca de uma década, médicos do mundo todo começaram a relatar casos de uma nova cepa hipervirulenta da Klebsiella pneumoniae. Um deles foi o médico Thomas A. Russo, da Universidade de Buffalo, que tratou o primeiro caso dessa infecção em 2011, quando um jovem sem outras comorbidades ficou hospitalizado por meses.
O paciente acabou se recuperando completamente, mas o médico resolveu investigar mais sobre essa bactéria hipervirulenta, uma vez que ela era capaz de infectar e causar grandes danos a indivíduos saudáveis, tornando-se resistente a medicamentos.
Desde então, a bactéria se espalhou pelo mundo e gerou novas cepas mais resistentes, capazes de provocar infecções fatais. Por conta disso, essas cepas foram apelidadas de “as verdadeiras e temidas superbactérias”.
No início de 2024, o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças da União Europeia relatou um aumento nos casos de contaminação por Klebsiella pneumoniae hipervirulenta, com cepas que são resistentes até aos antibióticos chamados de carbapenêmicos, que são tidos como os que devem ser usados como último recurso.
O médico Thomas A. Russo publicou estudos nos quais identifica quais foram os elementos genéticos que transformaram a Klebsiella pneumoniae clássica (que infectava apenas pessoas imunocomprometidas no ambiente de assistência médica) na Klebsiella pneumoniae hipervirulenta, capaz de causar danos sérios em pessoas saudáveis.
Sua pesquisa, que foi publicada no periódico eBioMedicine, é a primeira a determinar os fatores genéticos que criaram essa super-resistência. “Nosso objetivo com este estudo foi decifrar como vários fatores genéticos contribuem para essa hipervirulência, a fim de orientar o desenvolvimento de terapias preventivas, tratamentos e estratégias de controle para Klebsiella pneumoniae hipervirulenta”, afirmou Russo.
Sua equipe de pesquisadores conduziu uma investigação com quatro cepas clínicas da superbactéria. Em seguida, eles criaram e testaram mutantes das cepas, incluindo o plasmídeo (que designa as moléculas de DNA circular que se reproduzem independentemente do DNA cromossômico da bactéria) presente nelas. Segundo Russo, esses plasmídeos contêm múltiplos genes, e podem talvez aumentar a virulência ou conferir resistência maior a elas.
As descobertas indicam que os plasmídeos podem ser responsáveis pelo aumento da virulência da bactérias. “Os fatores genéticos definidos como os mais importantes quantitativamente podem ser alvos terapêuticos potenciais para o desenvolvimento de contramedidas”, diz Russo. Estudos seguem sendo feitos no intuiito de melhorar os tratamentos contra essa bactéria.