Artes/cultura
14/08/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 14/08/2024 às 08:00
Em uma surpresa digna de um filme de aventura, mineiros de ouro na Sibéria fizeram uma descoberta extraordinária ao desenterrar uma carcaça mumificada de rinoceronte-lanoso que esteve enterrada por mais de 14 mil anos. A revelação aconteceu na região de Oymyakon, conhecida por suas condições congelantes que preservam incrivelmente bem os restos mortais das criaturas do passado.
O achado surpreendeu não só pela preservação dos tecidos moles e do chifre do animal, mas também pela oportunidade única que representa para os cientistas entenderem mais sobre a megafauna da Era Glacial.
Encontrada enquanto os mineiros escavavam para abrir uma nova pedreira, a carcaça mumificada do rinoceronte-lanoso (Coelodonta antiquitatis) é um presente raro do permafrost siberiano. A preservação dos tecidos moles e do chifre oferece uma chance ímpar de analisar e extrair DNA, algo que pode revelar um pouco da biologia desses gigantes pré-históricos.
Este rinoceronte-lanoso é apenas o quinto conhecido a ter seus tecidos moles preservados até hoje, o que torna a descoberta ainda mais significativa para a comunidade científica.
O achado foi imediatamente reportado ao Museu do Mamute da Universidade Federal do Nordeste (NEFU) em Yakutsk, onde os pesquisadores se preparam para escavar a carcaça completa. A universidade destacou a importância da descoberta para entender a fauna antiga e o clima da região. O chifre do rinoceronte já foi levado para o museu para estudo, e a escavação completa está prevista para o outono.
Ao lado dos mamutes lanudos, bisões e leões-das-cavernas, os rinocerontes-lanosos formavam uma parte crucial do ecossistema da estepe da Era Glacial.
Esses animais robustos que viviam no Pleistoceno eram adaptados às condições frias, com uma pelagem espessa e lanosa que os protegia das baixas temperaturas. Seus imensos chifres, que podiam atingir quase um metro, eram usados para defesa e possivelmente em disputas de acasalamento.
O permafrost siberiano, que proporcionou as condições perfeitas para a mumificação, é também a razão pela qual tantos restos de megafauna são encontrados na região. A mistura de baixa temperatura e baixa oxigenação preserva os tecidos de maneira excepcional, como visto com o bebê mamute Dima, descoberto em 1977.
Esse ambiente congelante tem sido um verdadeiro cofre para fósseis bem preservados, oferecendo uma visão rara e valiosa sobre o passado distante.
A descoberta do rinoceronte-lanoso ocorre em um momento em que a ciência está explorando a possibilidade de trazer de volta espécies extintas por meio da edição genética e da clonagem. Embora a ideia de ressuscitar a megafauna seja ainda uma questão debatida, achados como esse oferecem uma base sólida para esses estudos futurísticos.
No entanto, os desafios éticos e ambientais de recriar espécies em um mundo que mudou significativamente desde a sua extinção são questões complexas que os cientistas ainda estão tentando resolver.
O fato é que os pesquisadores da NEFU estão empolgados para explorar a carcaça mumificada do rinoceronte-lanoso, que promete revelar detalhes sobre a dieta, saúde e ambiente desses animais pré-históricos. Esse achado oferece uma visão valiosa da Era Glacial, estimulando a curiosidade de cientistas e entusiastas da paleontologia.