Artes/cultura
30/04/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 30/04/2024 às 18:00
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão, descobriram uma nova espécie de felino selvagem: o gato-tigre-nublado ou gato-do-mato-dos-andes (Leopardus pardinoides). A pesquisa envolveu mais de 1.400 registros de museus e armadilhas fotográficas, além de um estudo genético.
O animal possui apenas um par de mamas, uma característica que o diferencia de outras espécies do complexo de gatos-do-mato. Com um peso corporal de 2,3 kg, a nova espécie apresenta uma cauda longa, orelhas arredondadas e uma cabeça que lembra a do gato-maracajá.
A sua pelagem é densa e macia em tons de vermelho, laranja e amarelo acinzentado. As rosetas são grandes e irregulares, muitas vezes fortemente marcadas, e se destacam contra o fundo da pelagem, conferindo uma beleza única para a nova espécie.
O nome tem uma relação direta com o habitat do felino: as florestas nubladas. Esse ecossistema é encontrado em regiões montanhosas das florestas tropicais, em altitudes que variam de 1,5 mil a 3 mil metros com um clima subtropical/temperado, temperaturas amenas e chuvas abundantes.
A distribuição geográfica do gato-tigre nublado se estende por 11 ecorregiões montanhosas, desde as florestas andinas venezuelanas até o noroeste da Argentina. No entanto, a área central de sua distribuição fica na Colômbia, se estendendo até o Equador.
A presença do gato-do-mato dos Andes coincide com áreas onde o número de jaguatiricas é baixo ou ausente, indicando uma possível relação ecológica complexa entre esses felinos selvagens.
Antes da nova descoberta, apenas duas espécies de gato-tigre eram conhecidas: o gato-do-mato-do-norte, ou oncilla (Leopardo tigrinus), e o gato-do-mato-do-sul, ou tigrina-do-sul (Leopardo gutullus). Este último é conhecido por ter três subespécies, indicando uma diversificação adicional dentro do complexo.
O gato-do-mato-do-norte vive em regiões de cerrado e savana no Brasil e no Escudo das Guianas. É conhecido por seu corpo esbelto e longas pernas, com uma cauda longa e fina. Possui um padrão de rosetas semelhante ao do gato-tigre-nublado, mas com um fundo de cor que pode variar do amarelo-claro ao amarelo-acinzentado.
Já o gato-do-mato-do-sul é encontrado nas florestas tropicais e subtropicais do bioma Mata Atlântica, no Brasil. A espécie possui um corpo de tamanho médio a grande e uma pelagem com um tom de vermelho/castanho-amarelado, adornada com grandes e numerosas rosetas arredondadas.
Todas as três espécies de gato-do-mato estão ameaçadas de extinção. A destruição de habitats naturais devido à expansão da agricultura, pecuária e desenvolvimento urbano é uma das maiores ameaças. A fragmentação do habitat pode levar ao isolamento de populações e a um declínio na biodiversidade.
A caça ilegal, muitas vezes motivada pela procura de peles ou por superstições locais que consideram os gatos-tigre como ameaças aos animais de criação, é outro fator de risco significativo.
Além disso, as mudanças climáticas estão afetando as florestas nubladas, os habitats dos gatos-tigre. A alteração dos níveis de nebulosidade e precipitação nestas regiões pode levar a seu desaparecimento.