Artes/cultura
16/10/2024 às 07:00•2 min de leituraAtualizado em 16/10/2024 às 07:00
Identificar cobras venenosas é uma tarefa desafiadora. Com cerca de 4 mil espécies conhecidas de cobras, apenas 10% possuem venenos letais para humanos, mas essa porcentagem pode fazer toda a diferença em emergências.
O reconhecimento rápido e preciso das espécies ajuda a prevenir picadas, além de ser fundamental para o tratamento adequado quando ocorrem. Diante desse cenário, um novo estudo promete revolucionar a maneira como cientistas identificam cobras potencialmente perigosas.
Liderado por uma equipe de pesquisadores do Field Museum de Chicago, o estudo introduz o VenomCap, uma ferramenta inovadora que utiliza técnicas genéticas para facilitar a identificação de espécies venenosas. As descobertas foram publicadas na revista Molecular Ecology Resources.
Imagine um superpoder que permite aos cientistas desvendar o código secreto por trás da produção de veneno nas cobras. É exatamente isso que o VenomCap faz! Essa ferramenta foca diretamente nos genes que produzem veneno em diversas espécies, o que facilita a identificação das cobras venenosas.
Segundo os pesquisadores, o VenomCap consegue analisar genes em toda uma família de cobras ao mesmo tempo. Ou seja, ele funciona como uma espécie de “scanner genético”, capaz de detectar com precisão quais genes são responsáveis pelas toxinas.
Durante a pesquisa, foram testadas amostras de tecido de 24 tipos de cobras da família Elapidae, e o VenomCap mostrou uma taxa de sucesso de 76% na identificação dos genes ligados ao veneno.
Os cientistas acreditam que, a partir dessas informações, eles podem descobrir de que forma os venenos influenciam o estilo de vida das cobras, o que elas comem e até como se defendem. E mais: a ferramenta pode ajuda a entender como esses venenos evoluíram ao longo do tempo, adaptando-se aos diferentes ambientes em que as cobras vivem.
As picadas de cobra são uma preocupação séria de saúde pública em várias partes do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5,4 milhões de pessoas são picadas anualmente, resultando em até 137 mil mortes.
Enquanto alguns lugares têm acesso a tratamentos, em muitos países em desenvolvimento, as mordidas podem ocorrer em locais tão remotos que o acesso a cuidados médicos é limitado e a disponibilidade de soro antiofídico é escassa.
Os pesquisadores esperam que o Venomcap ajude a identificar rapidamente os venenos em diferentes espécies, o que é fundamental para o desenvolvimento de soros eficazes. Além disso, a análise genética dos venenos pode abrir portas para descobertas de novos medicamentos, pois alguns compostos tóxicos são usados na medicina para tratar condições como hipertensão.
Quem diria que cobras poderiam ser aliadas na luta contra doenças humanas, não é mesmo?