Artes/cultura
29/09/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 29/09/2024 às 09:00
Mosquitos, pequenos insetos responsáveis por mais mortes humanas do que qualquer outro animal, continuam a desafiar cientistas na busca por novas formas de controle.
Com o objetivo de descobrir mais sobre as estratégias de caça utilizadas por esses insetos, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara realizaram um estudo inovador sobre a maneira como os mosquitos encontram seus hospedeiros.
Publicado na renomada revista Nature, o estudo revela que ele são capazes de detectar a radiação infravermelha emitida pelo calor do corpo humano, utilizando esse sentido para rastrear suas vítimas com maior precisão.
Os mosquitos, especialmente a espécie Aedes aegypti, conhecida por transmitir doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, utilizam múltiplas pistas sensoriais para localizar seus hospedeiros humanos. Já se sabia que fatores como CO2 exalado, calor da pele e odores corporais desempenham um papel fundamental na atração desses insetos.
No entanto, a nova pesquisa revelou que os mosquitos são capazes de detectar a radiação infravermelha emitida pela temperatura da pele humana. Essa forma de energia emitida pelo calor pode alcançar os mosquitos a uma distância de até 70 centímetros.
Quando combinada com outras pistas, como o cheiro do corpo e CO2, a radiação potencializa a busca ativa dos insetos por um hospedeiro. Segundo os pesquisadores, essa habilidade permite que eles superem limitações sensoriais causadas por obstáculos como vento forte ou movimento, garantindo que eles possam rastrear suas presas com mais eficiência.
Os cientistas identificaram a localização exata e o mecanismo por trás desse "sensor infravermelho" nos mosquitos. Os neurônios sensíveis ao calor, localizados nas pontas das antenas dos insetos, são ativados pela radiação infravermelha, utilizando a proteína TRPA1, sensível à temperatura.
Além disso, as proteínas rodopsinas, tradicionalmente associadas à visão, foram identificadas como coadjuvantes no processo de detecção infravermelha, aumentando sua sensibilidade a pequenas variações térmicas. Essa combinação de proteínas permite que eles identifiquem a presença de calor mesmo a distâncias consideráveis.
A descoberta da capacidade dos mosquitos de detectarem o infravermelho adiciona uma nova camada de entendimento sobre como esses insetos se tornaram os predadores mortais que são hoje. Além disso, abre portas para novas formas de combate, como o desenvolvimento de armadilhas mais eficazes, que simulem as condições térmicas de um corpo humano.
Ou seja, o estudo representa um avanço significativo na compreensão dos métodos de caça desses insetos, e oferece novos caminhos para combater a transmissão de doenças transmitidas por eles, como a malária, a dengue e a zika. Essa nova compreensão pode, no futuro, ajudar a salvar milhões de vidas ao melhorar as técnicas de controle e prevenção contra esses perigosos animais.