Ciência
05/11/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 05/11/2024 às 18:00
Quem cuida de gatos ou tem familiaridade com os bichanos certamente conhece um comportamento bastante peculiar que eles possuem: o chamado "amassar pãozinho". É algo que eles fazem quando se sentem seguros e confortáveis e, agora, há fortes pistas de que os gatos da antiguidade também tinham esse hábito.
Descoberto recentemente em Jerusalém, um jarro de 1200 anos é a evidência mais antiga de um objeto que foi marcado por um gato enquanto ele "amassava pãozinho" — provavelmente o animal encostou nele antes de a cerâmica secar e ser queimada.
As marcas foram achadas durante um exame em fragmentos de cerâmica encontrados do lado de fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém. O mais curioso é que os pesquisadores envolvidos encontraram a peça por acidente: a diretora do laboratório, a arqueóloga Gretchen Cotter, examinava artefatos coletados durante um projeto de escavação no Monte Sião quando algo chamou a sua atenção.
Foi um fragmento de cerâmica que parecia apresentar marcas de garras. Verificou-se que o pedaço de argila tinha uma marca da pata dianteira e das "almofadinhas" dos dedos do gatuno, bem como um sulco que parece evidenciar um ato de extensão e retração das garras.
“A pegada em si tinha uma medida de cerca de 3 centímetros e as marcas das garras ainda eram evidentes, cortadas profundamente na argila”, afirmou o professor de arqueologia Shimon Gibson, da Universidade da Carolina do Norte, que também participou do projeto.
Os estudiosos não acreditam que o animal escolheu de propósito o barro, mas sim que se aproximou dele enquanto ele ainda estava secando, provavelmente após pular de uma janela ou algo alto.
"A pegada indica que o pequeno gato provavelmente estava reclinado na borda curva do jarro, provavelmente tomando sol. Só podemos imaginar que ele estava ronronando enquanto curtia o sol de Jerusalém", complementou Gibson.
Não é a primeira vez que se encontra marcas de animais domésticos em objetos da antiguidade. Em 2014, foram achadas pegadas e marcas de cascos em cima de telhas da era romana na Inglaterra. Mais recentemente, em 2023, outros arqueólogos encontraram pegadas de cães em um assentamento romano de 1.900 anos, localizado na Romênia.
Mas os pesquisadores acreditam que as novas marcas encontradas em Jerusalém têm sua particularidade. Aparentemente, elas não foram deixadas por um animal correndo por um telhado ou por um quintal, mas sim por um bichano que estaria relaxando de maneira prazerosa. No mínimo, isso prova que, pelo menos nos últimos mil anos, os gatos não mudaram tanto assim.