Por que sentimos cócegas?

15/09/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 15/09/2024 às 18:00

A sensação de cócegas é uma experiência única e universal, que provoca risos incontroláveis desde a infância até a idade adulta. Embora muitos de nós associemos essa sensação a momentos de brincadeira, a ciência por trás dessa resposta ainda é envolta em mistérios.

Mas o que exatamente provoca essa reação e por que ela existe? Conheça as principais teorias e descobertas científicas que tentam entender essa curiosa interação entre corpo e mente.

Tipos e funções

Cócegas podem servir tanto para proteção quanto para fortalecer vínculos sociais. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Cócegas podem servir tanto para proteção quanto para fortalecer vínculos sociais. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Existem dois tipos distintos de cócegas: a knismesis e a gargalesis. A knismesis refere-se a uma sensação leve, como quando um fio de cabelo roça a pele, e está mais relacionada à coceira do que ao riso. Ela funciona como um mecanismo de defesa para proteger o corpo de parasitas ou pequenos invasores.

Já a gargalesis é a sensação provocada por toques repetitivos e fortes em áreas sensíveis do corpo, como o estômago ou as solas dos pés, desencadeando risos involuntários. Além disso, a gargalesis, diferentemente da knismesis, parece ter um papel social importante. Segundo os cientistas, essa forma pode estar ligada à brincadeira e ao fortalecimento de laços sociais entre humanos e outros mamíferos, como grandes macacos e ratos.

Estudos mostram que as gargalesis ocorrem em contextos de bom humor e são mais intensas quando realizadas por pessoas com quem temos familiaridade. Isso reforça a ideia de que, além de uma simples reação física, elas são uma forma de interação social e até de prática para situações de combate.

Entre o prazer e o desconforto

As cócegas podem ser agradáveis ou desconfortáveis, dependendo do contexto. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
As cócegas podem ser agradáveis ou desconfortáveis, dependendo do contexto. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Embora as cócegas sejam frequentemente associadas ao prazer e ao riso, essa sensação pode rapidamente se transformar em desconforto. A resposta neurológica desencadeada pelo estímulo tátil é complexa, e envolve várias regiões do cérebro, como a amígdala e o córtex cingulado anterior, que estão associadas às emoções e à resposta de luta ou fuga.

Em algumas culturas, as cócegas chegaram a ser utilizadas como forma de tortura, devido ao desconforto que podem causar quando realizadas de maneira não consensual ou fora de um contexto lúdico. Mesmo em situações consensuais, como as descritas em fetiches envolvendo esses estímulos, os participantes relatam uma mistura de prazer e dor, evidenciando a ambivalência dessa sensação.

Apesar das descobertas científicas sobre o assunto, ainda há muito a ser desvendado. As razões evolutivas para essa resposta, as variações individuais na sensibilidade e a incapacidade de fazer cócegas em si mesmo permanecem como grandes mistérios.

Contudo, essa reação involuntária à estimulação sensorial nos oferecem um vislumbre fascinante de como o corpo e a mente interagem de maneira complexa para produzir uma experiência única que mistura prazer, riso e, por vezes, desconforto.

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