Ciência
11/05/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 11/05/2024 às 12:00
O resfriado comum, que a maioria das pessoas pega pelo menos uma vez por ano, apresentando sintomas como febre, coriza e mal-estar, possivelmente já afetava os primeiros Homo sapiens, entre 200 mil e 300 mil anos atrás. É o que acreditam especialistas como o biólogo computacional François Balloux.
A resposta para a pergunta sobre quando os humanos começaram a ter resfriado é difícil de ser dada, pois os causadores da doença não se preservam bem nos restos mortais, complicando identificar os registros da infecção. Mas, para o cientista da Universidade de Londres (Reino Unido), versões desses vírus estão em nosso meio desde o início da evolução humana.
Líder de um estudo que procura resquícios de vírus em humanos antigos, o pesquisador acredita que a exposição aos patógenos tenha iniciado por volta de 2 milhões de anos, com o Homo erectus. Mesmo sem cultivar animais, os caçadores-coletores tinham contato com vírus durante a caça.
Porém, a expansão para além da África pode ter propiciado um “aumento significativo da aquisição de patógenos”, levando o Homo sapiens a entrar em contato com novos vírus do resfriado, como disse Balloux ao Live Science. Teriam acontecido nessa época, há 210 mil anos, os primeiros casos da doença nos humanos modernos.
A hipótese levantada por Balloux sobre os primeiros registros do resfriado é apenas uma das várias que tratam do assunto. Para outros cientistas, a doença como a conhecemos teve uma origem muito mais recente do que a sugerida pelo especialista da universidade britânica.
Diferente do biólogo computacional, esses especialistas acreditam que a infecção causada por rinovírus, coronavírus e o vírus sincicial respiratório só começou a se espalhar no início da civilização humana. Nessa época, o contato com os animais infectados teria se intensificado.
Isso ocorreu por volta de 5 mil a 6 mil anos atrás, segundo os defensores da teoria. Em tal período, os humanos passaram a viver em comunidades próximas e a criar animais cheios de patógenos, combinação que criou as condições ideais para o resfriado se espalhar.
Como os agentes causadores do resfriado geralmente deixam sinais da infecção nos pulmões e os tecidos moles se desfazem após a morte, identificar a doença em restos mortais antigos é uma tarefa árdua. O cenário seria diferente se essas marcações fossem encontradas em ossos e dentes.
Além disso, os vírus do resfriado são baseados em RNA, em sua maioria, material genético que se degrada mais rápido que o DNA. Tal característica também contribui para dificultar sua detecção em materiais arqueológicos.