Ciência
22/08/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 22/08/2024 às 12:00
A crescente poluição plástica do meio ambiente fez com que uma foto sobre a vida dos ursos-polares passasse para a categoria de Fotografia Conservacionista do Ano, na edição 2024 do Ocean Photographer of the Year, competição anual promovida pela revista Oceanographic Magazine.
A imagem, capturada pela norte-americana Celia Kujala, mostra o exato momento em que o grande mamífero carnívoro mastiga um pedaço de lixo plástico, em uma paisagem ártica da ilha Kiepert, do arquipélago de Svalbard, no Oceano Ártico, ao norte da Noruega.
Descrita pela autora como "um lembrete gritante de que mesmo os confins desabitados do Ártico não estão isentos das garras generalizadas da poluição plástica", a cena irá concorrer com mais onze flagrantes de ameaças da fauna marinha pela poluição humana, desde polvos se abrigando em sacos plásticos de sanduíche a peixes em extinção capturados por acidente.
Kujala disse que percebeu um urso-polar caminhando pela praia enquanto procurava um ângulo para uma bela foto. De repente, o animal teve sua atenção despertada para um objeto no chão e começou a brincar com ele. A fotógrafa disse que seu "coração afundou" quando ela percebeu que se tratava de um pedaço de plástico.
Ver aquele urso envolvido em uma brincadeira macabra na bela natureza selvagem do Ártico apenas materializou o que já sabemos sobre a violência dos resíduos poluentes humanos nos ambientes mais remotos do planeta, diz Kujala. E conclui: "foi um lembrete sério da necessidade urgente de abordar o problema".
A poluição do meio ambiente marinho por plásticos foi o tema dominante na categoria "conservação - impacto" do concurso Ocean Photographer Of The Year 2024. Outra finalista selecionada, Rebecca Douglas, captou uma foto revoltante de um filhote de atobá, aquelas aves que mergulham no mar para capturar peixes. O bichinho aparece enforcado em uma rede de plástico em seu ninho.
Outra imagem comovente mostra um polvo-do-coco, molusco que geralmente se esconde dos predadores em conchas vazias ou cascas de coco. Sem atentar que o plástico é transparente, ele se abriga dentro de uma embalagem de sanduíche, que inadvertidamente se transforma em vitrine.
Segundo dados da a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 75 e 199 milhões de toneladas de plástico estão poluindo atualmente nossos oceanos. A produção de plástico no mundo dobrou entre 2000 e 2019, de 234 para 460 milhões de toneladas, e deve chegar a 1,2 bilhão de toneladas até 2060, se os esforços de conscientização ficarem apenas no discurso.