Ciência
11/03/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 11/03/2024 às 09:00
O ensaio clínico de uma vacina contra o câncer em cães foi realizado e trouxe resultados positivos, considerando o quão doloroso é ver um animalzinho ser afetado por essa doença, que geralmente costuma atingir cachorros mais idosos e de maior porte.
Ainda é necessário ter em mente que, além da falta de recursos para o tratamento dos cães que desenvolvem algum tipo de câncer, as intervenções até então oferecidas ainda não se mostram tão satisfatórias, de modo que muitos pets, infelizmente, acabam não sobrevivendo.
A nova vacina que está sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Yale já mudou a vida de vários animais e oferece esperança. Partindo da constatação que, em diversos casos, a forma como os tumores se apresentam é semelhante entre humanos e cães, estudiosos estão empenhados em oferecer uma versão que possa beneficiar a ambos.
Os resultados obtidos no estudo, revisado por pares, foram publicados na revista Translational Oncology. A depender do tipo de tumor e do estágio, a expectativa é que essa vacina seja capaz de aumentar em duas vezes a taxa de sobrevivência do animal.
Um dos grandes diferenciais dessa vacina se dá pela ativação de anticorpos policlonais que ela proporciona. Uma vez atuantes no organismo, as células de defesa poderiam se ligar a proteínas EGFR e HER2, que se manifestam em vários tumores, evitando, assim, que o organismo apresente algum tipo de resistência ao tratamento.
Como os resultados in vitro evidenciaram a capacidade do composto de inibir o crescimento tumoral, os testes prosseguiram. A partir disso, a vacina foi adotada em um ensaio clínico com ratos, e depois com cães ao longo dos últimos oito anos. E foi atestada a sua eficácia para evitar a evolução de tumores que expressem proteínas da família erbB, bem como a sua regressão.
Apesar dos resultados significativos, ainda não se sabe se essa vacina poderá ser aplicada futuramente para evitar o surgimento do câncer. Por isso, os estudos envolvendo o composto continuarão sendo conduzidos para explorar essa possibilidade mais a fundo. E como já mencionado, há expectativa de que a vacina possa tratar humanos no futuro.
A princípio, 93 cães receberam uma dose de vacina, seguida por reforço, e uma expressiva resposta imunológica foi percebida mesmo a partir da primeira aplicação em alguns deles. Houve, ainda, casos em que os cães apresentaram uma taxa de sobrevida duas vezes maior do que a estimada pelos veterinários antes da aplicação.
Hoje, já são mais de 300 cães que foram acompanhados nesse novo tratamento. Dentre eles, Hunter, um golden retriever de 11 anos que desenvolveu câncer ósseo em sua pata dianteira esquerda.
O doguinho, que já passou parte da sua vida atuando em missões de busca e resgate, também foi salvo: além de ter a patinha amputada e passar por quimioterapia, Hunter foi um dos beneficiados por essa nova vacina. Felizmente, todos esses esforços surtiram efeito, pois dois anos depois, ele permanece vivo, feliz e saudável, sem o tumor. Seu caso sugere que a combinação de tratamentos pode ser eficaz para combater a doença.
Mark Mamula, que é professor da disciplina de reumatologia na Escola de Medicina de Yale e participou ativamente desse trabalho, expressou sua alegria com os resultados alcançados: "dentro da oncologia veterinária, a nossa caixa de ferramentas é muito menor do que a da oncologia humana." Para ele, "esta vacina é verdadeiramente revolucionária".