Vaga-lumes já iluminavam as noites na época dos dinossauros

29/10/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 29/10/2024 às 12:00

Parece improvável imaginar que, durante a era dos dinossauros, as noites também eram pontilhadas por pequenos pontos de luz, como os dos vaga-lumes de hoje. Porém, um fóssil de 99 milhões de anos, incrustado em âmbar e encontrado em Mianmar, traz evidências de que esses insetos bioluminescentes já iluminavam os céus noturnos no período Mesozóico. Tal descoberta nos conta um pouco da história evolutiva das "lanternas" naturais desses seres.

A espécie fóssil encontrada, batizada de Flammarionella hehaikuni, pertence a uma subfamília que ainda possui representantes vivos: a Luciolinae. Com uma estrutura luminescente bem desenvolvida em seu abdômen, este antigo vaga-lume indica que a capacidade de emitir luz já era uma característica bem consolidada, talvez até essencial, naquela era

Diferente dos vaga-lumes atuais, a Flammarionella apresenta algumas peculiaridades anatômicas, como apêndices densamente cobertos por cerdas em suas antenas, o que pode ter aprimorado suas habilidades de comunicação e localização de parceiros no ambiente noturno.

Um ser iluminado

Essa habilidade de bioluminescência dos vaga-lumes é mais antiga do que se imaginava. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
A habilidade de bioluminescência dos vaga-lumes é antiga e servia, entre outras coisas, para afugentar os predadores. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

A bioluminescência, a habilidade que permite a emissão de luz em organismos vivos, é comum em alguns seres do fundo do mar e em outros insetos, além dos vaga-lumes. Em muitas espécies modernas, acredita-se que essa luz funcione como um aviso para predadores, sinalizando a presença de toxinas que os tornariam intragáveis. No entanto, uma das grandes perguntas que pairam sobre o estudo da bioluminescência é se esse fenômeno sempre serviu a esse propósito. 

No caso dos vaga-lumes do Mesozoico, cientistas sugerem que a bioluminescência pode ter evoluído antes mesmo da capacidade de produzir essas toxinas. Isso levanta a hipótese de que o brilho dos primeiros vaga-lumes possa ter surgido inicialmente com uma função ainda desconhecida, talvez de atração de parceiros ou para comunicação entre membros da espécie.

A descoberta desse fóssil em âmbar é especialmente significativa devido à raridade de fósseis de vaga-lumes. Normalmente, os corpos dos vaga-lumes são moles e de difícil preservação ao longo dos milhões de anos, mas o âmbar permitiu que esses fósseis fossem mantidos em um estado quase perfeito, revelando detalhes estruturais essenciais para a pesquisa. 

O âmbar de Mianmar já forneceu várias descobertas de fósseis bem preservados do período dos dinossauros, incluindo outros insetos bioluminescentes. A proximidade desses fósseis no tempo e no espaço dá aos pesquisadores uma visão detalhada de como esses pequenos seres brilhantes poderiam ter evoluído.

Habilidade preservada

Certamente  a bioluminescência foi uma vantagem evolutiva para os vaga-lumes. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Certamente a bioluminescência foi uma vantagem evolutiva para os vaga-lumes. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

O estudo do fóssil de Flammarionella foi realizado com equipamentos de alta tecnologia, incluindo fotomicrografias e softwares especializados que permitiram aos cientistas visualizar, em detalhes minuciosos, as características de sua lanterna luminescente e outros aspectos anatômicos. 

Os pesquisadores notaram que o órgão de luz desse inseto se assemelha bastante aos das espécies de vaga-lumes modernos, sugerindo que a estrutura que permite a emissão de luz foi conservada ao longo dos milhões de anos de evolução. Essa estabilidade evolutiva é um indício de que a bioluminescência pode ter sido uma vantagem evolutiva significativa, ajudando esses insetos a sobreviver e se adaptar ao longo dos tempos.

Essas novas descobertas, além de nos aproximarem da origem dos vaga-lumes, mostram que a bioluminescência em insetos é um fenômeno complexo e possivelmente multifuncional desde o seu surgimento. 

Os cientistas esperam que futuras descobertas de fósseis possam ajudar a entender melhor como a luz se tornou um meio de comunicação e defesa entre esses pequenos seres. Afinal, não deixa de ser fascinante imaginar que, enquanto os gigantes do Mesozoico percorriam a Terra, pequenas luzes piscavam nas noites escuras, um fenômeno tão antigo quanto misterioso.

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