Vinho em estado líquido mais antigo do mundo é achado em tumba na Espanha

21/06/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 21/06/2024 às 12:00

Arqueólogos da Universidade de Córdoba, na Espanha, confirmaram a descoberta do vinho mais antigo do mundo ainda em estado líquido. A bebida teria por volta de 2 mil anos, de acordo com os estudos conduzidos pelos pesquisadores.

O vinho estava dentro de uma urna funerária feita de cristal, contendo também os restos cremados de um homem que viveu durante o período do Império Romano. No mesmo recipiente, foi colocado também um anel com a imagem do deus romano Janus.

A tumba foi encontrada em 2019, durante reformas no terreno de uma residência de Carmona, cidade do sul do país europeu. Porém, o resultado da análise do líquido só foi publicado neste ano, em um artigo no Journal of Archaeological Science

O líquido entre o marrom e o avermelhado, com fragmentos de ossos ao fundo. (Fonte da imagem: Journal of Archaeological Science)
O líquido entre o marrom e o avermelhado, com fragmentos de ossos no fundo. (Fonte: Journal of Archaeological Science)

O vinho encontrado é um xerez, típico da Espanha, e originalmente do tipo branco. Porém, ações químicas resultantes tanto do tempo quanto do contato com os restos mortais do cidadão romano tornaram a sua cor avermelhada, quase marrom.

O vinho mais envelhecido do mundo?

Com cinco litros ao todo, o vinho é considerado recordista em preservação no estado líquido. O detentor anterior do título era uma garrafa de 1650 anos de idade, achada nos pertences de um nobre romano na cidade alemã de Speyer. 

Já o vinho mais antigo em qualquer estado foi encontrado em cerâmicas de mais de 8 mil anos atrás descobertas na Geórgia. Neste caso, porém, apenas traços da bebida foram achados em análises minuciosas.

O local estudado pelos arqueólogos é tido como raro, já que é uma tumba em bom estado de preservação e ainda com itens pessoais. Normalmente, esse tipo de construção está bastante deteriorada, tanto pela ação do tempo quanto por saques ao longo dos séculos.

O exterior da câmara (à direita) e o resultado das escavações. (Fonte da imagem: Journal of Archaeological Science)
O exterior da câmara (à direita) e o resultado das escavações. (Fonte: Journal of Archaeological Science)

No local, foram encontrados oito espaços de sepultamento com seis urnas parecidas. Duas delas estavam nomeadas: Senicio e Hispanae. Pelas conclusões dos arqueólogos, é possível que o vinho tenha sido colocado na vasilha como uma forma de homenagem, ritual ou oferenda religiosa.

Ainda de acordo com os cientistas, o líquido está próprio para consumo por não apresentar toxinas. Ainda assim, o gosto é extremamente salgado, sem lembrar em nada o xerez tradicional.

O estudo de composição do líquido. (Fonte da imagem: Journal of Archaeological Science)
O estudo de composição do líquido. (Fonte: Journal of Archaeological Science)

Para confirmar se o líquido achado era mesmo vinho, os pesquisadores usaram uma técnica conhecida como espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado. Além dela, uma análise do pH e a ausência de uma substância presente apenas no vinho tinto confirmou a sua natureza.

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