Artes/cultura
25/07/2022 às 02:00•2 min de leitura
Se você é fã de séries e acompanhou a perfeita Game of Thrones (menos o final, porque, aí não dá!), talvez se lembre que uma das batalhas mais incríveis foi a Batalha de Água Negra, onde o tão obscuro e destruidor fogo vivo foi usado.
Na história das guerras entre impérios da realidade também usamos por muito tempo uma arma igualmente devastadora: o fogo grego. E, tal como aconteceu na série, foi decisiva para enfrentamentos na água.
(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Historicamente, a humanidade tem o costume de usar materiais incendiários para suas guerras e isso vem desde a antiguidade. Nafta, flechas flamejantes, salitre, piche, enxofre e até carvão, são apenas alguns exemplos.
Registros apontam que a criação do fogo grego foi obra de Calínico de Heliópolis, no século VII, um cristão grego, arquiteto e químico, que conseguiu fugir da Síria chegando até Constantinopla após a nação ter sido controlada pelos muçulmanos em 668 d.C.
Líquidos inflamáveis foram usados tanto em guerras gregas quanto romanas. No entanto, até Calínico nada tão letal havia sido inventado.
(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Os ingredientes exatos do líquido do fogo grego viraram um segredo tão bem guardado que a receita acabou se perdendo com o tempo.
Alguns historiadores e pesquisadores de armas antigas acreditam que a composição, possivelmente, levava um tipo de petróleo leve ou nafta.
Outros possíveis compostos poderiam envolver enxofre, nitrato de potássio e cal viva. Para alguns, até pólvora tinha na mistura.
Seja como for, fabricar o fogo grego não era uma tarefa simples e muito menos segura, dadas as substâncias altamente voláteis.4
Visto que a fórmula era conhecida somente por um seleto grupo, foi guardada por vários imperadores passando para os seus sucessores. Graças a todo esse segredo e cuidado, é que os bizantinos conseguiram manter a receita da arma nas mãos e em segredo por mais de 700 anos.
Vale ressaltar que para o fogo grego funcionar, uma série de outras coisas eram necessárias, além de seus ingredientes.
O material era levado para a batalha por meio de um navio preparado especificamente para este fim, chamado dromon. Também era preciso o mecanismo para preparar a substância, que além de aquecê-la ainda tinha que pressurizá-la. E, por fim, os tubos que lançavam o fogo grego nos inimigos.
Alguns indícios históricos sugerem que o fogo grego foi usado pela primeira vez em uma batalha durante o primeiro cerco dos árabes a cidade de Constantinopla, em 673 d.C.
Na época, Constantinopla, hoje Istambul (Turquia), tinha se tornado alvo de uma frota árabe que desejava saquear a cidade. Contudo, navios gregos devidamente preparados com o líquido super inflamável destruiu todos os navios árabes.
Constantinopla foi alvo dos árabes por séculos. (Fonte:Shutterstock)
Sobre o dispositivo de lançamento do fogo grego, não existem registros exatos sobre como ele era. O que se sabe é que ele tinha tubos de bronze, bomba de sifão e um bico giratório.
Mais tarde, em 717 d.C. o imperador bizantino, Leão III, também usou o fogo grego para lidar com outro ataque árabe. Romano I Lecapeno, também imperador bizantino, usou a arma contra uma frota russa no século X.
O imperador romano João I Curcuas, chamado de Tzimisces, conseguiu usar o fogo grego com bom sucesso em terra.
(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Foi uma boa ideia, já que o líquido também se mostrou eficiente na investida do imperador em 972 d.C., quando libertou a cidade de Preslav dos russos.
Já Basílio II Bulgaróctono, mais um imperador bizantino, combinou a super arma com uma força viking para lidar com uma rebelião liderada por Bardas Focas, um membro de uma importante família de Constantinopla.
E, sim, durantes as várias guerras em que o fogo grego foi usado, muitos oponentes conseguiram capturar a arma e seu dispositivo. Mas ambos eram tão complexos que ninguém conseguiu usar e muito menos replicar.