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23/08/2022 às 06:38•2 min de leitura
Não é nenhum segredo o fato de que há uma enorme variedade de vida, com seres apresentando as mais variadas estruturas corporais, cores e formas nas regiões tropicais. A ciência conhece este fenômeno como gradientes latitudinais de biodiversidade. Mas por que isto acontece?
Esta é uma pergunta que permeia as mentes de cientistas há séculos, desde que perceberam que os trópicos reúnem muitas variações de espécimes, como animais, plantas e até fungos. Eles também repararam que esta diversidade vai diminuindo mais e mais, conforme vão se distanciando da linha do equador.
"Quanto mais nos aproximamos dos trópicos, maior é o aumento na variedade de estrutura, beleza das formas e misturas de cores, assim como também juventude perpétua e no vigor da vida orgânica", escreveu o naturalista alemão Alexander von Humboldt, em 1807. E, de acordo com o professor Andrew Dobson da Universidade de Princeton, existem três hipóteses que podem explicar essa grande diversidade de vida nas regiões tropicais.
A vida nas regiões tropicais costuma ser mais diversa e colorida do que em outras áreas do planeta
A primeira hipótese que tenta explica os gradientes latitudinais de biodiversidade tem a ver com energia. A ideia é a seguinte: o somatório de maior incidência de luz solar nos trópicos, chuva e nutrientes do solo leva a um maior crescimento das plantas. Isto, por sua vez, favorece o desenvolvimento dos mais diversos animais, que podem se alimentar, sobreviver e se reproduzir.
A hipótese de número dois tem a ver com a possível "idade" das áreas tropicais: elas teriam sido menos impactadas por grandes períodos de tempo frio, permitindo assim que as espécies tivessem mais tempo para evoluir. Assim, ao longo de cerca de 200 milhões de anos, os trópicos tiveram a vantagem de não sofrer tanto com eras do gelo como outras regiões do mundo e, por isso, a vida pôde continuar evoluindo e se diversificando.
Hipótese afirma zonas tropicais sofreram menos impacto das eras do gelo, facilitando a existência de vida e evolução das espécies
A terceira e última hipótese seria relacionada com os limites da diversidade. Neste caso, como explica o professor de ecologia David Storch, a teoria diz que os mais variados ambientes têm diferentes propensões a manter a vida. Assim, áreas tropicais seriam mais "amigáveis" e capazes de abrigar uma biodiversidade muito maior do que, por exemplo, as zonas temperadas. Quanto mais recursos uma determinada região tiver para oferecer, maior será a diversidade de animais vivendo por ali.
Apesar de haver maior biodiversidade nestes locais, por outro lado, regiões de clima tropical também têm maior incidência de extinção de espécies. Em muitos casos, pode haver o surgimento de novas espécies que acabam competindo por um mesmo território ou recursos, o que por sua vez leva uma — ou até ambas — ao risco de extinção.