Artes/cultura
21/11/2017 às 06:00•2 min de leitura
O que para a maioria das pessoas seria um pesadelo, especialmente nos primeiros dias, para Chloe Jennings-White é um grande desejo. Basicamente, ela sonha com o dia em que se tornará paraplégica.
Ainda que não tenha qualquer dificuldade de locomoção, Chloe já usa uma cadeira de rodas e se movimenta também com a ajuda de muletas – para não mexer as pernas do joelho para baixo, ela usa acessórios que impedem a movimentação.
Aos 58 anos de idade, a química formada em Cambridge, está acostumada com a reação de espanto que causa nas pessoas que descobrem que seu maior sonho é perder a capacidade de movimentar seu corpo da cintura para baixo.
Seus passatempos, no entanto, são contrários à sua vontade, já que gosta de fazer caminhadas, escalar e esquiar, na esperança de sofrer alguma queda e ficar realmente paraplégica. “Alguma coisa em meu cérebro me diz que as minhas pernas não deveriam funcionar. Ter qualquer sensibilidade nelas parece errado”, disse ela, em declaração publicada no Daily Mail.
“Eu esquio extremamente rápido e me coloco nas corridas mais perigosas. Fazer qualquer atividade que me dê a chance de me tornar paraplégica me dá uma sensação de alívio”, explicou.
O caso de Chloe foi diagnosticado como Transtorno de Identidade de Integridade Corporal, que faz com que ela realmente deseje ter a mesma condição de uma pessoa com paraplegia. A ideia de usar uma cadeira de rodas e os aparelhos especiais que a impedem de se mexer foi dada por seu médico, na esperança de que ela deixasse de querer danificar o próprio corpo.
Para ela, já é um grande alívio conseguir passar a maior parte do tempo como uma cadeirante, mas Chloe ainda tem fantasias com a ideia de sofrer um acidente e ficar paraplégica de verdade.
O desejo de perder os movimentos veio quando Chloe ainda era criança. Aos nove anos, após uma tia sua sofrer um acidente de bicicleta e ficar paraplégica, Chloe se jogou de uma grande altura, também com sua bicicleta, na tentativa de ficar igual a tia. Aos 10 anos, já fingia que era cadeirante.
A vontade de parar de andar nunca a abandonou, e quando tinha 31 anos, desenvolveu fibromialgia, uma doença que a deixava com dores nos músculos, nos tendões e nas articulações. A condição a possibilitou usar equipamentos que paralisavam sua perna em público, sem medo de ser julgada.
Sem contar nada para ninguém, por medo de ser julgada e de parecer maluca, Chloe viveu durante anos sentindo essa necessidade incomum e se mantendo em silêncio. Quando abriu o jogo com sua parceira, Danielle, as duas começaram a fazer terapia juntas e entenderam que não havia nada de errado com Chloe, já que seu cérebro apenas funcionava de um jeito peculiar.
Chloe já buscou se informar sobre a possibilidade de se submeter a algum procedimento cirúrgico que fosse capaz de deixa-la paraplégica, mas dificilmente algum médico aceitaria realizar esse procedimento. Por enquanto, ela passa 12 horas de seu dia em uma cadeira de rodas.
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