Artes/cultura
24/03/2018 às 06:00•2 min de leitura
Se você pensar em qualquer pessoa ao longo da história que tenha liderado exércitos além de suas fronteiras, conquistando vastos territórios, nenhuma vai superar Genghis Khan. Nem Napoleão Bonaparte, nem Alexandre, o Grande, e muito menos Adolf Hitler conseguiram expandir seus impérios por tantas terras como o imperador mongol.
Mais que isso: enquanto o alemão não deixou descendentes diretos (aparentemente), o líder asiático foi responsável por um verdadeiro “baby boom”, moldando uma população que hoje em dia representa cerca de 0,5% dos homens da Terra. Não parece muito? Pense que são uns 35 milhões de “filhos” no mundo.
Segundo um estudo publicado em 2003 que buscava descobrir o legado genético do Império Mongol, o comportamento (ou a falta dele) de Genghis Khan durante o seu governo proporcionou uma espécie de explosão demográfica na região. Na época da sua morte, em 1227, quase 10% das pessoas sob seu domínio eram seus filhos, netos ou bisnetos.
Essa estatística pode ser ainda maior, uma vez que a pesquisa conseguiu rastrear apenas o cromossomo Y que vem sobrevivendo e se espalhando desde o próprio Genghis Khan. Ou seja, pelo método utilizado, não foi possível identificar as mulheres que nasceram graças ao estilo de vida “coelho” do imperador, apenas os homens, portadores de tal cromossomo. Você lembra que a mulher fornece o X, enquanto o homem pode oferecer o X ou o Y no processo reprodutivo, né?
Pois então, descobriram que existia uma quantidade fora do comum de certo Y mutante na região que 800 anos atrás pertencia ao Império Mongol. Curiosos, os cientistas passaram a montar uma espécie de árvore genealógica em busca da origem desse cromossomo e o rastrearam por cerca de mil anos na história. Resultado: ele se originou onde hoje é a Mongólia.
Agora, quem poderia ter vivido naquela região e naquela época com tal capacidade para provocar uma disseminação genética tão absurda? Se você pensar que não existiam jogadores de futebol, atores ou cantores, por exemplo, parece simples chegar à conclusão de que o responsável por aquilo foi um cara que montou num cavalo e criou um império que ia do Mar Cáspio ao Oceano Pacífico em apenas 20 anos.
E não pense que Genghis Khan era um galã engraçado e carismático que arrasou corações por onde passou. Na verdade, ele destruiu povoados inteiros, sendo uma das figuras mais violentas da história da humanidade. Ao mesmo tempo que matava a maioria (ou todos) os homens da área conquistada, o mongol ainda estuprava praticamente todas as mulheres de lá. Quanto mais terras, mais grávidas.
Apesar de ser o responsável por espalhar esse cromossomo possível de ser identificado até hoje, não foi no Genghis Khan que ele ganhou a marca específica que persiste geração após geração. De acordo com a pesquisa, o Y mutante “original” deve ter pertencido ao bisavô do imperador mongol, que tinha uma família um tanto quanto “problemática”.
Khan nasceu em 1162 com o nome Temujin, que seria uma homenagem do seu pai a um líder tártaro que havia aprisionado em batalha. Ainda jovem, Temujin descobriu que seu pai havia sido envenenado pelos tártaros em um “jantar de negócios” e pirou o cabeção. Foi atrás da linha sucessória de poder dentro do seu clã e, depois de ser desprezado, matou o próprio irmão para assumir a liderança do seu povo, se declarar Genghis Khan e começar a transar sem controle por aí.