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02/04/2018 às 07:00•2 min de leitura
De Albert Einstein a Steve Jobs, passando por Charles Darwin e uma pá de outros grandes nomes da ciência e tecnologia. A lista de pesquisadores respeitados e bem-sucedidos que se suspeita de terem tido autismo é enorme.
Como a compreensão desse transtorno do neurodesenvolvimento só veio mais bem recentemente, hoje em dia é impossível ter certeza sobre os casos dessas pessoas, mas pelos sinais de comportamento descritos em relatos de quem conviveu com elas, as chances de que tenham feito parte do espectro autista são enormes.
Isso porque atualmente o diagnóstico de autismo é realizado clinicamente, com observações comportamentais — não há como fazer um exame de sangue e sair do consultório com o diagnóstico fechado, apesar de avanços estarem acontecendo nesse sentido.
Outro fator importante é o fato de que cada pessoa com autismo é diferente da outra, então isso também dificulta o palpite sobre esses nomes.
O fato é que 1 em cada 68 pessoas no mundo faz parte do espectro autista. Como os autistas podem ter também altos níveis intelectuais, principalmente se estimulados, e muitos não apreciam o contato pessoal, não é de se estranhar que muitos deles busquem carreiras na ciência e sejam bem-sucedidos! Veja alguns nomes que exemplificam isso.
Nascida em 1902, Barbara McClintock venceu o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina por sua descoberta de que os genes se movimentam sozinhos através de mecanismos de regulação genética. Ela recebeu o prêmio em 1983, mas suas conclusões tinham sido alcançadas quatro décadas antes.
Em uma época em que diagnosticar autismo era muito difícil, Barbara talvez tenha sido considerada apenas pouco comunicativa e muito concentrada, já que era descrita como alguém que se concentrava tanto que esquecia de tudo à sua volta. Contudo, segundo o livro "Different Like Me: My Book of Autism Heroes" (Diferente como eu: meu livro de heróis autistas, em tradução livre), de Jennifer Elder (EUA), ela fazia sim parte do espectro autista.
Considerado por muitos um dos homens mais inteligentes e chamado até mesmo de "Einstein britânico", o Nobel de Física Paul Dirac foi o responsável por compor a equação que, mais tarde, levou outros cientistas a descobrirem a antimatéria.
Ele exibia comportamentos clássicos de um autista: evitava contato pessoal, tinha dificuldade de mostrar emoções, estava sempre preso em sua própria rotina e exibia completo isolamento quando trabalhando em sua obsessão: seu projeto.
Os sinais estão na biografia lançada pelo autor Graham Farmelo, chamada "The Strangest Man: the Hidden Life of Paul Dirac" (O homem mais estranho: a vida oculta de Paul Dirac, em tradução livre).
Embora não tenha graduação na área científica, Michelle Dawson é uma importante pesquisadora em autismo nascida no Canadá. Em 2003, ela recebeu um título de doutorado honorário da Universidade de Montreal por sua valiosa contribuição com a pesquisa científica em autismo.
Ela participa de um grupo coordenado por Laurent Mottron, professor do Departamento de Psiquiatria, que se dedica a compreender o cérebro de pessoas com autismo.
Um dos nomes mais inspiradores da atualidade, Temple Grandin é professora de Ciência Animal na Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e uma das mais proeminentes a discutir o tratamento mais humano e menos agressivo ao gado que vai para o abate nas fazendas norte-americanas.
Com mais de 20 obras publicadas na sua área e no universo do autismo, foi uma das primeiras cientistas a falar publicamente sobre o transtorno. Ao longo das últimas décadas, vem ajudando as pessoas do espectro a se entenderem melhor e auxiliando quem não é autista a compreender como funciona a mente de quem é.
É a inventora de uma sensacional máquina de abraçar! Como muitos autistas, Temple não gosta que a toquem, mas quando está em uma crise, lhe ajuda muito ser apertada — por um abraço apertado, por exemplo. E aí ela inventou uma máquina que faz isso por ela, para que se recupere! Não é genial?