Polêmica: tripulação de navio cruzeiro abate urso-polar na Noruega

31/07/2018 às 05:403 min de leitura

Os ursos-polares, como todos sabem, já faz tempo que estão na lista de espécies ameaçadas de extinção — e vira e mexe vemos imagens devastadoras desses animais definhando de fome ou sendo mortos por conta de algum encontro infeliz com humanos. O último desses casos foi registrado no último sábado na Noruega, quando integrantes da tripulação de um navio de cruzeiro abateram um urso-polar — em um incidente que está causando polêmica.

Abate

Mais especificamente, segundo Bart Jansen, do site CNBC, o ataque se deu durante uma parada do navio MS Bremen, operado pela companhia alemã de cruzeiros Hapag-Lloyd Cruises, em Spitsbergen, ilha habitada que faz parte do arquipélago norueguês de Svalbard. O local vem ganhando bastante popularidade entre os turistas, justamente por abrigar uma população considerável de ursos-polares — e foi justamente esses animais que os passageiros da embarcação tinham ido ver.

Urso polar abatidoQue pena... (CNBC/Gustav Busch Arntsen)

De acordo com os porta-vozes da operadora do cruzeiro, o normal é que as observações dos animais aconteçam com os turistas embarcados e a uma distância segura — para evitar o risco de ataques. No entanto, também é comum que existam times a bordo que são enviados até a praia para montar postos de apoio para evitar que os ursos tentem se aproximar das embarcações.

Pois, até onde foi divulgado, o incidente aconteceu quando um dos membros desse time de apoio se encontrava na praia e um urso-polar apareceu e o atacou repentinamente e o sujeito não teve tempo de reagir. Então, seus companheiros, depois de tentar espantar o animal, se viram sem outra opção além de abater a criatura para evitar que ela matasse seu colega. Segundo a operadora, ação consistiu em um ato de legítima defesa.

Urso polar com dois filhotesEles estão perdendo espaço (National Geographic/Tom Murphy)

O homem atacado foi atendido imediatamente, transportado por helicóptero até um hospital e sua condição é estável. No entanto, como você viu, o urso-polar acabou sendo morto. E nós temos duas situações a considerar aqui: enquanto é mais do que compreensível que o time tenha disparado contra o animal para salvar a vida do amigo, quem estava invadindo o território de quem? Ademais, será que não existem alternativas que previnam esse tipo de tragédia?

Problema

Segundo o pessoal do WWF, hoje existe no mundo uma população de ursos-polares estimada entre 22 mil e 31 mil indivíduos e, apesar de parecer ser muito, seu status é considerado vulnerável. Conforme informa o WWF, as populações desses animais foram divididas em 19 grupos pelos cientistas, e 3 deles se encontram em declínio, e as informações obtidas a partir do estudo dessas subpopulações serve para que os pesquisadores prevejam o que pode ocorrer com as demais.

 alt=Cada vez menos gelo (National Geographic/Ralph Lee Hopkins)

Boa parte do problema se deve à perda de habitat, uma vez que as temperaturas mais altas registradas no planeta e as variações climáticas resultantes estão levando ao derretimento das regiões polares — e estudos apontaram que o Ártico vem registrando um degelo bem mais acentuado do que o esperado, com uma redução de 14% dos bancos de gelo a cada 10 anos, segundo Stephen Leahy, da National Geographic.

Com isso, os ursos-polares, que geralmente transitam por esses campos de gelo para buscar alimento, não só têm passado mais tempo no litoral como, consequentemente, acabam entrando em contato com comunidades costeiras que habitam nessas regiões do planeta e com pessoas que trabalham na área.

Urso polar na praiaEncontros cada vez mais frequentes (National Geographic/Paul Nicklen)

Com a redução de habitat, os encontros acidentais entre humanos e animais vêm se tornando cada vez mais frequentes — e não é raro que eles resultem em tragédias para ambas as partes. Mas, invadir deliberadamente, especialmente quando isso é feito para atender e agradar grupos de turistas, não pode ser considerado como acidental, você não concorda? E o que não faltam são pessoas condenando o ocorrido.

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