Ciência
23/08/2019 às 13:00•2 min de leitura
Quem nunca ouviu falar na expressão “sangue azul” relacionada à nobreza? Apesar de esse modo de falar estar um tanto quanto ultrapassado, visto que nem de nobreza falamos mais, muitas pessoas nunca entenderam de onde saiu esse termo.
Antes de irmos ao que interessa, um fun fact: pode-se dizer que a condição de “sangue azul” de fato existe e trata-se de uma doença muito grave chamada cianose. Além de causar uma série de complicações, essa condição deixa as membranas mucosas e a pele do corpo com uma tonalidade azulada e pode levar até à morte. Mas, deixando a medicina de lado... Por que os nobres eram rotulados dessa maneira?
Alguns historiadores afirmam que essa história tem seu começo na Península Ibérica durante o período da Reconquista. A pele branca da nobreza “confirmava” que ela era descendente dos visigodos, um povo que havia chegado à Europa e que não possuía “sangue misturado” com os árabes ou judeus. E, sob a pele branca dos nobres, as veias “azuis” (como alguns conseguem observar em seus pulsos) eram visíveis. Esse certificado natural servia inclusive como desculpa para a segregação de outros povos (para não “contaminar” a descendência) e também como distinção dos camponeses, artesãos e trabalhadores que ficavam ao ar livre debaixo do sol — o que lhes dava peles mais bronzeadas que não destacavam as veias azuladas.
O sangue azul está intimamente ligada à legitimação das ideias aristocráticas, à medida que essa característica colocava os nobres como biologicamente distintos e superiores de qualquer outro grupo social. Isso culminou em uma massiva endogamia ou consanguinidade, ou seja, a reprodução por meio do casamento entre parentes.
Certamente você está familiarizado com esse termo que é muito comum quando nos referimos às raças de cachorro, mas você sabia que ele está relacionado ao conceito de sangue azul? Alguns pesquisadores defendem que essa palavra surgiu com um costume muito antigo. Os nobres costumavam erguer suas espadas para exibir, através do reflexo, suas veias azuladas no antebraço.
Os vasos sanguíneos formavam uma espécie de desenho que, à época, era chamado de "pied de grue" em francês, "pé de guindaste" em português. E assim surgiu o “pedigree”. Com o passar do tempo, esse termo acabou sendo aplicado aos registros genealógicos de cavalos e outros animais também por conta da semelhança com o tal desenho.
Foi através da Disney que o “príncipe azul” ganhou fama. A história surgiu com uma lenda romena do século XIX chamada “O príncipe azul das lágrimas”, na qual a origem real deste cavalheiro é evidenciada pela cor azul (como se faz na animação). Com o filme “A Bela Adormecida” lançado em 1959, acabamos conhecendo-o como “o príncipe encantado”.