Artes/cultura
02/10/2019 às 10:00•2 min de leitura
Imagine se as tradicionais balanças de banheiro pudessem, além de ajudar a controlar o peso, monitorar pacientes com insuficiência cardíaca diariamente? Essa realidade parece não estar muito distante segundo pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, que desenvolvem um dispositivo que utiliza inteligência artificial para esse objetivo.
A ideia é que, futuramente, a versão comercial do aparelho permita registrar um eletrocardiograma (ECG) a partir dos dedos do paciente e — mais importante — a pulsação de sua circulação (BCG). Tudo isso apenas com o toque dos pés nas placas de metal na base da balança. Os dados seriam transmitidos ao médico, que em caso de alterações poderia ligar para o paciente ajustando a medicação, evitando a piora do quadro e sofrimentos desnecessários no hospital.
No recente estudo, os cientistas obtiveram sucesso no registro e processamento de dados de 43 pacientes com insuficiência cardíaca.
A pesquisa teve início em 2011, quando o time da Georgia Tech procurava desenvolver um dispositivo implantável para monitoramento doméstico de pacientes com a doença. A solução da balança, no entanto, mostra-se mais promissora, pois tem custos menores e pode atingir pacientes que tem resistência a fazer um implante.
O sinal da pulsação, chamado de balistocardiograma (BCG), foi uma medida muito utilizada pelos médicos cerca de 100 anos atrás, mas com o tempo foi ultrapassada pelos exames de imagem. Ao uni-la à computação moderna, o novo equipamento pode resgatar sua utilidade.
Três algoritmos de machine learning foram utilizados no experimento para processar os BCGs, revelando padrões que mostram a diferença de quando a insuficiência cardíaca de um paciente é compensada (mais saudável) para quando é descompensada (mais risco).
"Em alguém com insuficiência cardíaca descompensada, o sistema cardiovascular não pode mais compensar a função cardíaca reduzida, então o fluxo de sangue pelas artérias é mais desordenado e o vemos no sinal mecânico do BCG (balistocardiograma). Essa diferença não aparece no ECG (eletrocardiograma) porque é um sinal elétrico", diz Omer Inan, que conduziu o estudo.
“A característica mais importante foi o grau de variação do BCG, que significaria fluxo sanguíneo inconsistente. Se você dividir a gravação em intervalos de 20 segundos e os segmentos individuais diferirem muito um do outro, isso é um bom marcador de descompensação ", completa ele.