Artes/cultura
18/11/2019 às 12:04•2 min de leitura
O Memorial de Guerra Australiano, localizado na cidade de Camberra, foi palco de uma inusitada obra de arte aviária quando um pombo criou um ninho depois de roubar flores de papoula da lápide de um soldado. As flores são usadas como forma de lembrar daqueles que lutaram durante a Primeira Guerra Mundial em diversos países do mundo, incluindo a Inglaterra e a Austrália.
A descoberta começou quando a equipe do Memorial estranhou que as papoulas da lápide de um soldado desconhecido estavam sumindo uma a uma. Depois de algum tempo procurando, eles descobriram o culpado pelo desaparecimento: um pombo-comum — isso mesmo, da espécie Columba livia, aquela que se vê aos montes nos centros das metrópoles brasileiras.
O pássaro pegou as flores da tumba do soldado australiano e construiu um belo ninho vermelho próximo de uma janela com vitral. A janela escolhida por acidente pelo pombo simboliza o soldado ferido, com objetivo de representar a qualidade de resistência daqueles que lutaram na Primeira Guerra.
Um porta-voz do Memorial de Guerra Australiano contou para o principal jornal do país, o Sydney Morning Herald, que ter um ninho de papoulas próximo de vitral também simboliza “a poderosa ligação entre homens e feras no campo de batalha”.
Apesar dos pombos serem considerados animais sujos ou indesejados nas cidades de hoje, eles foram muito utilizados pela humanidade no passado. “Particularmente nas guerras iniciais, a comunicação era realmente difícil”, explica a historiadora Drª. Meleah Hampton ao site Bored Panda.
“As conexões sem fio estavam em sua absoluta infância na Primeira Guerra Mundial e os fios de telefone se rompiam com os bombardeios na Frente Ocidental. Então os pombos são particularmente úteis na guerra, quando você tem alguns homens tentando levar uma mensagem de onde eles estão até a artilharia de costa. Às vezes, um pombo pode passar por lugares onde mais ninguém consegue”, completa Hampton.
Existem pombos honoráveis na história da Guerra, como é o caso de uma conhecida como White Vision (Visão Branca em tradução livre) que operou na Segunda Guerra Mundial. Ela estava servindo o Reino Unido e recebeu uma medalha por entregar uma mensagem numa situação “excepcionalmente difícil”. Segundo os oficiais britânicos, a entrega da carta contribuiu para o resgate de uma equipe inglesa em outubro de 1943.